Bugalho descarta uso de radares móveis em novo processo licitatório

“Estamos finalizando o edital de licitação dos radares mas uma determinação que a gente fez é que não haverá dispositivos móveis”

- THIAGO MORELLO

Data 19/06/2019
Horário 04:00
Thiago Morello - "Estamos estudando um complexo de radares que tem objetivo maior de educar"
Thiago Morello - "Estamos estudando um complexo de radares que tem objetivo maior de educar"

Em análise ao ano de 2019 e já sinalizando novos planos, o prefeito de Presidente Prudente, Nelson Roberto Bugalho (PTB), concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Imparcial e traçou um panorama sobre a atual gestão.

Entre os pontos comentados, além dos principais, como cenário da dengue, vida útil do aterro sanitário e irregularidades nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) e na merenda escolar, umas das novidades ficou sobre a finalização do edital de licitação dos radares, que segundo ele, deve ser aberto logo mais. Aliás, uma das determinações feitas por ele é a exclusão de dispositivos móveis, com a intenção de educar o motorista e não multar.

Ao longo da entrevista, o prefeito não deixa de mencionar, também, alguns pontos previstos para o ano, como conversas que fomentem investimentos da iniciativa privada, finalização do abrigo de animais e entrega do Centro Olímpico. Confira a seguir:

 

O Imparcial: Presidente Prudente atravessa atualmente um surto de dengue alarmante. Como a administração pública avalia a questão e, dentro das competências do Executivo, o que tem sido feito para reduzir o problema?

Prefeito: Teve aquela situação em poderia se tornar uma grande epidemia em Prudente, por isso decretamos o estado de emergência. E com essa emergência, todas as secretarias têm de ter um envolvimento diretamente no combate ao mosquito da dengue. Foi autorizada a contratação de funcionários de forma excepcional, enfim, abriu várias opções para que pudesse combater a dengue ativamente. Só que o grande problema também é uma questão que não envolve só o poder público. Nós passamos o ano de 2017 e 2018 sem uma epidemia de dengue. E esse ano essa epidemia surgiu. Não foi em grandes proporções como em 2016, mas ela assusta. Agora, sem a colaboração do cidadão, das pessoas, fica difícil. Porque a gente passou e passa recolhendo entulho diariamente. Nós temos o programa chamado cata-treco. Mas mesmo assim, muitas pessoas ainda insistem em jogar lixos no canteiro central, fundos de vale, na rua, na calçada, e ai fica complicado. Não basta só o município disponibilizar meios para combater esse grande mal que assola todo o país, na verdade. Se não houver colaboração efetiva, consciente e educada da população, é uma luta inglória.

 

Sempre falamos a respeito do futuro do aterro sanitário. As últimas notícias a respeito giraram em torno do consórcio intermunicipal da Prefeitura de Prudente junto a outras cidades. Há novidades nesse campo?

O nosso aterro sanitário é um aterro que está de forma regular. Ele não é um lixão já faz algum tempo. Então vem sendo encerrado de acordo com um plano de encerramento que foi aprovado pela Cetesb [Companhia Ambiental do Estado de São Paulo]. Nós estamos procurando conseguir dar um tempo maior de vida útil para o nosso aterro. Para isso estamos licenciando essa sobrevida desse aterro. Essa sobrevida é importante. Primeiro porque existe espaço para essa sobrevida. Segundo porque isso implica em economia para o município, né. Hoje os municípios que não estão tendo essa oportunidade precisam levar para aterros privados, e estão pagando uma verdadeira fortuna para dispor os seus resíduos. Paralelamente a isso, com outros municípios, nós criamos um Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos. Nós fomos contemplados com um recurso da Funasa [Fundação Nacional de Saúde], que até agora não foi liberado. Nó próximo dia 26 de junho haverá uma reunião em São Paulo, onde nós vamos deliberar se vamos insistir e esperar esse recurso do Funasa ou se os municípios vão suportar esse primeiro investimento com recursos próprios. Qual é o primeiro investimento que preciso ser feito? É a elaboração do plano regional de resíduos sólidos. Sem esse plano nós não temos como dar continuidade a essa questão do aterro, entre aspas, regional. Com essas mudanças de governo não sabemos se a Funasa vai liberar esse recurso ou não. Nós não podemos esperar mais e precisamos de uma resposta.

 

Uma das novidades trazidas pela Prefeitura foi a implantação de um aterro para resíduos da construção civil. Em que pé está esse projeto?

Está sendo finalizado. Eu estive lá há duas semanas. Já estamos finalizando esse aterro, que vai receber os resíduos do poder público e pequenas quantidades do pequeno gerador. Nós vamos receber esses resíduos, triturar esses resíduos depois lá e levar esses resíduos para uma destinação adequada e muito útil para a construção civil.

 

E qual o andamento do abrigo de animais?

O abrigo de animais também, ao contrário do que foi afirmado pela Defensoria Pública, numa ação aí, o recurso que está sendo utilizado é um recurso que a Prefeitura recebeu num acordo ambiental. E ele veio com a destinação para uso em questões ambientais, sendo uma parte para o abrigo de animais. Então, nós não tiramos recursos do caixa da Prefeitura para a construção. Não que não mereçam, os animais merecem ser tratados com dignidade. E me estranhou essa alegação, que não é verdadeira, da Defensoria Pública, porque a própria Defensoria participou das reuniões em que se discutia a construção do abrigo de animais. E a gente continua também com o fomento para a castração de animais, em vista de diminuir a população. Nós nos cadastramos num programa do Ministério da Saúde, que é para receber um castra-móvel. Nós já poderíamos ter um castra-móvel em operação em Prudente, só que houve aquele incêndio criminoso naquele ônibus que ganhamos para essa finalidade. Agora nós estamos tentando receber esse recurso junto ao governo federal.

 

Recentemente, a Câmara abriu duas frentes de trabalho que buscam fiscalizar irregularidades nas UPAs do município e na merenda escolar das escolas públicas. O senhor tem acompanhado de perto esta questão?

A gente vê isso com tranquilidade. Temos duas UPAs [Unidade de Pronto Atendimento], dois Pronto Atendimentos e um outro posto de saúde que atende com horário estendido. O atendimento de urgência e emergência em Prudente ele não tem igual em cidades do mesmo porte. Agora, problemas ocorreram. Houve, de certa forma, uma intervenção da Secretaria de Saúde nas UPAs, para verificar o que realmente estava acontecendo. Esses problemas já estão sendo solucionados. Houve inclusive a troca dos diretores clínicos. Nós temos que acompanhar isso de perto e agora o Gabinete está acompanhando. Por sua vez, a secretaria exercendo uma fiscalização bastante forte nas UPAs e onde está presente o Ciop [Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista]. Com relação à merenda escolar, a de Prudente é excelente. O que foi apontado é em relação à estrutura, de um lugar ou outro, não com relação à qualidade da merenda. Mas é uma questão muito pequena e vamos verificar se realmente faz sentido ou não. Mas nós acompanhamos com muita tranquilidade, porque a merenda que oferecemos é de muita qualidade. Eu mesmo já tive a oportunidade de várias e inúmeros vezes almoçar nas escolas, faço isso com certa frequência, e comida que serve ali é de muita qualidade.

 

Há novidades sobre o Centro Olímpico?

O que é o problema? Ainda falta R$ 1,2 milhão para o governo federal fazer de repasse para gente terminar o conjunto aquático. Já fui para Brasília (DF), já solicitamos a intervenção de senador e deputados, no sentido de liberar esse recurso para gente. Mas pretendemos e ainda continuamos com a expectativa de entregar o Centro Olímpico até o final do mês de julho. Quando eu falo Centro Olímpico, eu me refiro ao conjunto aquático, porque o Centro Olímpico tal qual foi projetado uma década atrás, isso esquece. Nós não vamos receber aqueles R$ 35 milhões, não vem. Então se a gente finalizar conjunto aquático, para nós, passamos a régua, finalizamos esse assunto e já será uma grande conquista para Prudente.

 

A falta de valorização a Prudente por parte dos empresários é hoje uma preocupação da administração? E o que podemos esperar daqui para frente em termos de investimentos externos?

Sim, nós tivemos recentemente uma reunião em São Paulo com a Câmara de Comércio Brasil-Catalunha. Isso decorre de uma visita que eu fiz de Cidades Inteligentes no ano passado, em Barcelona (Espanha). Foi lá que eu conheci essas pessoas. Estiveram no Brasil e convidaram poucas cidades do Estado de São Paulo. Nós apresentamos Prudente e, é claro, há uma expectativa, mas essas coisas infelizmente são demoradas. Mas de qualquer forma conseguimos fazer a licitação do Distrito Industrial Achiles Ligabô, que estava emperrado há algum tempo. A gente está caminhando nesse sentido. Conseguimos, na área de inovação e tecnologia, uma lei que estimula a vinda de empresas para nossa cidade, inclusive utilizado as estrutura da Fundação Inova Prudente. Enfim, estamos procurando atrair os olhos de quem quer investir para Prudente, sobretudo na área de inovação e tecnologia.

 

Noticiamos que a Prefeitura abriria licitação para a implantação de radares na cidade. Em que estágio está essa situação?

Nós estamos finalizando o edital de licitação dos radares. Mas uma determinação que a gente fez é que não haverá dispositivos móveis. Teremos apenas fixos, no sentido de educar o motorista. Porque estamos presenciando a perda de vidas na cidade. Porque se a gente tivesse uma fiscalização mais efetiva com radares, com certeza a gente conseguiria reduzir número de vítimas, não só fatais, mas de pessoas que comprometem sua saúde física também. Então nós estamos estudando um complexo de radares que tem um objetivo maior. Primeiro, de educar e prevenir. Já existe estudo com os locais, novos pontos e tudo isso é levado em consideração até com base no que a Polícia Militar constata, daqueles locais com maiores incidências de acidente. Então esses lugares são definidos de acordo com critérios técnicos.

 

Na última entrevista exclusiva concedida ao O Imparcial, o senhor falou sobre a criação de um almoxarifado central, em busca de trazer economicidade à Prefeitura. Isso está em andamento?

Recentemente, a Câmara não aprovou a construção do almoxarifado central. Eu fiquei, assim, impressionado porque alguns vereados não aprovaram a criação, por lei, do almoxarifado central. Mas eu digo o seguinte, apesar disso, de não ter tido a colaboração de alguns vereadores, nós vamos criar do mesmo jeito. Nós queríamos criar com o apoio da Câmara, por meio de uma lei, mas nós não precisamos disso. Nós vamos criar esse almoxarifado por decreto, é uma questão administrativa. Agora eu lamento muito, porque ele vai garantir mais economicidade e eficiência para o poder público, além de transparência. Eu não compreendo essa postura.

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