Brasileiros devem aprender a consumir com consciência

EDITORIAL -

Data 19/04/2018
Horário 08:25

Uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada ontem, aponta que houve um aumento de 18% no número de brasileiros que produzem para consumo próprio, seja alimentos ou roupas e móveis. São mais de 12 milhões de pessoas que dedicam seu tempo para esse fim, quase 2 milhões a mais do que no ano anterior. É importante ver esse tipo de consciência crescendo em um país cuja economia (e tributação) se baseia basicamente no consumo de bens e tão incipiente na discussão de temas como sustentabilidade, logística reversa e destinação e resíduos sólidos.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, hoje a humanidade consome 30% mais dos recursos naturais do que a capacidade de renovação da terra. Isso significa que, mantendo esses padrões destruidores e irracionais de consumo, em menos de um século será preciso dois planetas para atender às necessidades da população, em termos de água, energia e alimentos. Infelizmente, os filmes de ficção científica futurísticos nos quais a humanidade encontra formas de ir para outro planeja (como ocorre em “Interestelar” e “Perdido em Marte”) estão bem mais próximos de utopia.

E, curiosamente, longas que retratam os chamados futuros distópicos, onde faltam recursos básicos para a subsistência da raça, como água (“Mad Max: Fury Road” e afins) estão bem mais próximos de se tornar realidade. Em março do ano passado, por exemplo, 872 municípios paulistas enfrentavam falta de água e tiveram reconhecimento federal de sua situação de emergência por conta do longo período de estiagem enfrentado. Isso, mesmo se tratando do país que possui a maior quantidade do mundo de água doce, com 12% do total existente no planeta sob seu território.

É mais do que urgente que os brasileiros aprendam a consumir recursos não renováveis com consciência e a manter uma produção ecologicamente correta. É necessário preservar a riqueza natural do país e torna-lo vanguardista em modelos de consumo sustentáveis. Isso sim é construir uma identidade nacional em torno dos povos ribeirinhos e das florestas, aos indígenas que geraram esse país. Apropriarmo-nos dos avanços tecnológicos ocidentais, utilizando-os para potencializar os processos e não destruir os recursos. E tudo isso deve ocorrer em pelo menos 50 anos, se o intuito for evitar o colapso da sociedade, como existe hoje. No entanto, os brasileiros são conhecidos por deixar tudo sempre para a “última hora”. Esperamos que ao menos no que tange ao meio ambiente, essa máxima não se prove verdadeira.

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