Bohemian Rhapsody transporta espectador para o universo épico de Queen

CRÍTICA - ANDRÉ ESTEVES

Data 02/12/2018
Horário 06:00
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Na Grécia Antiga, rapsódia era o nome dado para a declamação de um poema épico. Com o passar do tempo, o termo também passou a configurar composições sem uma estrutura predefinida e com melodias extraídas da ópera, mesclando diferentes tonalidades e variações. Boêmia, por sua vez, é justamente o adjetivo utilizado para caracterizar aquela pessoa que é livre e não segue regras. Ambos os conceitos servem para explicar a premissa de Bohemian Rhapsody, clássica canção do Queen que desafiava o modelo de música popular esperado para as rádios nos anos de 1970. A canção de seis minutos chegou a ser dispensada por ser considerada extensa e trazer expressões que poderiam confundir o ouvinte. Freddie Mercury, vocalista da banda, nunca quis explicar a composição. E nem foi preciso. A música se tornou um fenômeno mundial e, 40 anos após seu lançamento, volta a colocar o Queen no topo das paradas musicais.

 

Isso porque Bohemian Rhapsody também é o nome dado à recém-lançada cinebiografia de Freddie Mercury, que conta os percalços do cantor desde o anonimato até seu estrelato. Assim como a definição do termo rapsódia boêmia, o filme pode ser comparado a um poema épico livre, combinando diferentes estados de ânimo que encantam e comovem o espectador do início ao fim. Costurado pelas canções mais célebres da banda, o longa-metragem não é estritamente fiel à verdadeira história de Freddie e nem obedece à linha cronológica dos fatos, mas se preocupa em dar uma amostra sincera e honesta do que foi realmente a trajetória do maior grupo de rock do mundo. Contado de forma dinâmica e sem abrir mão de cores e movimentos, o drama diverte e impacta a ponto de transportar até mesmo o espectador mais jovem para a década de 1970 e torná-lo íntimo da banda, comemorar seus êxitos e lamentar os conflitos internos que dividem os membros.

Além das cenas bem-humoradas sobre os momentos de união do Queen, a cinebiografia também comove ao penetrar na intimidade de Freddie e retratá-lo não apenas como um ser humano destemido, ambicioso e ousado, mas um homem solitário em muitos momentos. Mesmo diante do fim precoce do cantor, o longa surpreende ao enfatizar a força vital do artista, tornando a morte um mero detalhe. “Sou apenas um pobre garoto. Não necessito de simpatia”, são alguns dos versos de Bohemian Rhapsody. Freddie não só conquista a simpatia que merece, como ficará permanentemente imortalizado na cultura popular, o que atende ao seu pedido na mesma canção: “Eu não quero morrer”. Não irá.

 

 

BOHEMIAN RHAPSODY (2018)

DIREÇÃO: Bryan Singer

DURAÇÃO: 134 minutos

ELENCO: Rami Malek, Ben Hardy, Gwilyn Lee, Joseph Mazzello, Lucy Boynton, Allen Leech, Aaron McCusker, Tom Hollander, Aidan Gillen e Mike Myers

CLASSIFICAÇÃO: 14 anos

AVALIAÇÃO: ÓTIMO

 

 

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