Automedicação. A necessidade de ingerir remédios cresce expressivamente com o avançar da idade e, consequentemente, a compra dos mesmos sem receita. A maioria dos medicamentos é encontrada facilmente em farmácias, e entre os mais consumidos estão os antigripais, relaxantes musculares, vitaminas e laxantes, que, se combinados com outros medicamentos, podem gerar consequências sérias ao organismo. Os efeitos colaterais podem trazer riscos à saúde, especialmente aos idosos.
De acordo com Rosilene Martins, delegada regional do CRF (Conselho Regional de Farmácia) de Presidente Prudente, que também é coordenadora do curso de Farmácia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), pessoas acima dos 60 anos, faixa etária já considerada como terceira idade, que normalmente já fazem uso contínuo de medicamentos para tratamento como de hipertensão, diabetes, entre outras patologias, podem agravar a sua situação, o seu problema de saúde, se combiná-los com outros remédios.
“Por exemplo, temos alguns princípios ativos de alguns remédios como os antigripais, que a pessoa pode comprar na farmácia sem receita. Chamamos de MIPs [medicamentos isentos de prescrição]. Ela vai lá e pega algum medicamento para dor [porque gripe da dor no corpo, na cabeça, febre] e este tem algumas substâncias que podem aumentar a sua pressão, e ela às vezes nem sabe. Ocorre o que chamamos de interação medicamentosa”, explica a especialista.
Outra complicação do idoso ao se automedicar que Rosilene destaca é o fato da perda da capacidade renal do ser humano quando vai envelhecendo. “O rim, fisiologicamente, vai ficando mais lento, a capacidade de eliminar as substâncias pela urina vai ficando mais lenta. Com isso, o idoso pode ter a diminuição em excretar esses medicamentos que tomou. Então, se toma um remédio em cima do outro pode gerar uma intoxicação, porque ele elimina menos”, completa.
A profissional acrescenta que as pessoas devem sempre, não apenas neste momento com a pandemia do coronavírus, procurar orientação médica nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). “Lembrando que o conselho recomenda que as farmácias, como estabelecimentos de saúde e tem um farmacêutico que acaba sendo mais acessível que um médico, podem ser procuradas para tirar dúvidas, como sobre a combinação de medicamentos. Posso tomar por conta um medicamento para os ossos, para a tosse, mal-estar, enfim, no caso do idoso automedicação é sempre preocupante”.
IDOSOS: GRUPO QUE
PRECISA DE CUIDADO
Rosilene destaca que o idoso precisa fazer o maior tempo de isolamento social nesta quarentena, porque está em destaque, bem no centro do grupo de risco. Se tiver um cuidador, um filho, neto que possa fazer as coisas para que ele fique o maior tempo em casa, melhor.
Isso porque, de repente, pode ter pessoas assintomáticas com Covid-19 no mesmo ambiente que ele estiver circulando e poderá infectá-lo com o vírus. “E essa parte da população é muito mais difícil de tratar. É um grupo que precisamos de todo cuidado. Se tiver dúvidas e quiser ele mesmo entrar em contato, liga na farmácia e conversa com o farmacêutico. Com relação a esses medicamentos novos que estão surgindo neste momento, como a hidroxicloroquina, a vitamina D, os antibióticos, idosos que hoje são bem antenado nas redes sociais, um ponto que gostaria de ressaltar é que ‘não usem nada por conta própria’. Até porque muitos nem têm comprovação científica ainda. Sempre dizemos o seguinte: medicamento pode até ser isento de prescrição, mas não de orientação”, pontua a delegada regional do CRF.
Foto: Cedida
Rosilene lembra que farmácias podem orientar pacientes