Autismo ainda esbarra na falta de informação e no preconceito

EDITORIAL -

Data 03/04/2018
Horário 10:32

Eles são crianças e adultos iguais a muitos outros. Vão à escola, brincam, trabalham, mas têm um jeito particular de enxergar o mundo e a si mesmos. O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado ontem, reacende o debate sobre o transtorno - que afeta principalmente a comunicação, linguagem, interação social e comportamento - e serve como oportunidade para esclarecer a população sobre o assunto: diferenças que, às vezes sutis, ainda levam ao preconceito.

Em Presidente Prudente, a Lumen Et Fides é uma das entidades que presta atendimentos gratuitos a pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Com 53 pacientes nestas condições, com idade entre 3 e 41 anos, e outros 60 na fila de espera por falta de espaço físico e de profissionais capacitados para o atendimento, a instituição promove nesta semana, diferentes atividades de conscientização alusivas à data.

Ontem, além da caminhada que coloriu o céu de azul e reuniu cerca de 400 participantes no Parque do Povo, foram realizadas palestra e mesa-redonda sobre o tema, no salão do Toledo Prudente Centro Universitário. A programação segue hoje, com outros dois debates sobre orientação familiar e problemas de comportamento, e um bate-papo com as pedagogas da AMA (Associação Amigas dos Autistas).

Todos nós sabemos ou pelo menos imaginamos o quanto é difícil receber um diagnóstico de autismo. Igualmente doloroso é aceitá-lo. Mas faz parte e é a primeira etapa do processo. Aceitar consiste em assumir o autismo do filho, assumir que ele tem uma condição diferenciada sim, mas que isso, de forma alguma, o torna inferior.

Os sintomas do TEA são diversos e dependem do grau do problema. Podem incluir déficit de atenção, interação social, comunicação verbal e não verbal, coordenação motora, comportamento repetitivo, distúrbio alimentar e de sono, e dificuldade de aprendizagem. Procurar um especialista, assim que notar algo diferente na criança é o primeiro passo. Muitos pais, infelizmente, ainda por falta de informações e conhecimento, demoram a procurar ajuda e a descobrir o problema. Não há um exame clínico, mas uma série de fatores e evidências que levam ao diagnóstico. Muitos, quando descobrem, não sabem o que fazer e acabam deixando o filho em casa, o que pode piorar a situação. Incluí-lo na sociedade é necessário. Com o tratamento, o que se busca é desenvolver o máximo possível de suas habilidades. Carinho, dedicação e paciência são essenciais.

Fora isso, há ainda a falta de incentivo financeiro dos órgãos governamentais, o que acaba dificultando a entrada de novos pacientes em entidades que oferecem o tratamento - tanto na parte terapêutica como educacional. Sem verba, tornam-se impossíveis, por exemplo, a ampliação do espaço, a capacitação da equipe e a contratação de mais funcionários, como vem ocorrendo na Lumen. Que esta semana de conscientização sirva não só para destacar a cor azul, mas para que as instituições, familiares e sociedade em geral discutam de forma mais ampla seus direitos, cobrem por eles, busquem orientações, sugiram mudanças e, principalmente, se livrem do preconceito.

Publicidade

Veja também