Audiência pública em Prudente debate quadro da Unesp

Encontro ocorreu ontem a pedido de representantes de professores, servidores e estudantes, com objetivo de dar visibilidade às demandas e dificuldades

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 11/05/2019
Horário 06:00
José Reis - Alunos e professores ocuparam assentos e corredores do plenário da Câmara Municipal
José Reis - Alunos e professores ocuparam assentos e corredores do plenário da Câmara Municipal

O plenário da Câmara Municipal de Presidente Prudente esteve lotado de estudantes, professores e representantes da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) na tarde de ontem, além de membros da sociedade civil e vereadores. Com todos os assentos e corredores ocupados, a casa de leis sediou uma audiência pública para discutir e dar visibilidade ao tema: “Defesa da universidade pública gratuita, de qualidade e socialmente referenciada no Estado de São Paulo”. Conforme a Câmara, o encontro ocorreu a pedido dos próprios representantes, durante sessão em 18 de março. “É um pontapé inicial para que, em parceria com a casa de leis, possamos levar nossas demandas e dificuldades que, na maioria, são financeiras”, expõe o diretor da unidade, Rogério Eduardo Garcia.

A ideia teve início na sessão do mês de março, quando os representantes entregaram um ofício aos parlamentares, documento assinado pela Adunesp (Associação dos Docentes da Universidade Estadual Paulista), Sintunesp (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Estadual Paulista), Diretório Acadêmico 3 de Maio e coletivos estudantis. “O ofício solicitava que a Câmara Municipal realizasse uma audiência pública para apresentar a situação da Unesp”, informa a casa de leis. O encontro foi aberto ao público, que também fez uso da palavra por cinco minutos, com 11 inscritos, conforme estabelece a Resolução 336, que regula a realização de audiências públicas do parlamento prudentino.

Segundo o diretor da FCT/Unesp, a reunião traz benefícios em várias dimensões, como o fato de levar o conhecimento sobre o que se trata a universidade. “A nossa própria comunidade desconhece os nossos serviços. São muitos os alunos de escolas públicas, por exemplo, que perguntam quanto é a mensalidade para ingressar no campus e isso não é algo isolado, mas uma realidade, principalmente no ensino médio, e assusta por estarmos no meio de Presidente Prudente e em local de boa visibilidade. Um pouco é nossa a responsabilidade, mas infelizmente há desinformação”.

Questionado sobre as atuais dificuldades e que pautavam a audiência de ontem, ele lembra que a maioria se refere à insuficiência financeira, causada pelos “ciclos de expansão” que a universidade apresentou nos últimos anos – como novos campus e cursos, mas que não foram acompanhados por um aporte financeiro necessário. “Por ser uma universidade relativamente jovem, algumas unidades começam a enfrentar o ciclo de aposentadoria de professores agora. O pagamento do benefício é realizado pela própria Unesp, diferente de um fundo de previdência, e precisamos ainda colocar um docente novo no lugar, o que pesa no orçamento”. Ainda durante a entrevista, Rogério comentou que é preciso apoio financeiro do Estado ainda para continuar o serviço prestado, visto que contratações estão bloqueadas desde 2014 e o 13º salário não é pago em dia “faz dois anos”.

Por fim, sobre uma possível nova etapa após a audiência, o diretor esclarece que mesmo não sendo fácil reverter tão de pronto o cenário, vê como benéfica a parceria com o Legislativo, além de informar que um dos caminhos para a solução seria a retomada da economia, que aumentaria a arrecadação do Estado. “É outra coisas que não temos tanta esperança. Esse pedido de socorro, no entanto, mesmo que momentâneo, poderia ser uma verba adicional e que já nos ajudaria”, finaliza.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo foi procurada pela reportagem e, por meio de nota, esclareceu que o repasse de verbas para as universidades estaduais paulistas é feito anualmente e “respeita sua autonomia, não interferindo em suas gestões administrativas, pedagógicas e financeiras”.

Reivindicações

O professor dos cursos de Pedagogia e Educação Física da universidade, Paulo Roberto Brancatti, lembra que desde 2014 a instituição “vem passando por um processo de desmonte”, o que trouxe dificuldades visíveis ao andamento diário do campus prudentino, mas também aos demais. “Faltam docentes, diminuíram os projetos de extensão e a previsão para os próximos anos não é das melhores. Estamos sem perspectivas em diversos aspectos, por isso a audiência é importante para chamar a sociedade para entender o papel da universidade em toda a região”.

O estudante de Arquitetura e Urbanismo, Vitor Hugo de Figueiredo Mendes, 22 anos, também esteve presente e comentou que no entendimento dos alunos, há uma concordância com a direção de que muito se trata do processo de expansão da universidade que não foi acompanhado pelo Estado. “Se há a recusa desse ensino de qualidade, cabe a nós mobilizar e tentar barrar esse processo. Então, esperamos que essa parceria com a Câmara possa nos ajudar a levar a mensagem para o Estado e isso é uma tática essencial”.

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