Cerca de 400 alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente, como estima a organização, se reuniram na manhã de ontem, na unidade de ensino, para um protesto contra um suposto crime de racismo que teria ocorrido dentro da moradia estudantil da universidade. Os estudantes presentes levaram cartazes e faixas com mensagens contra o preconceito, além de realizarem um bate-papo sobre a temática e conscientização dos alunos do local. A Unesp, por meio de nota, diz que repudia qualquer sentimento de ódio.
De acordo com a aluna de Geografia, Vanessa Aparecida de Oliveira, a ação foi pensada a partir do dia 17 de março, na semana passada, quando, durante uma conversa informal, um aluno do mesmo curso teria proferido palavras machistas e preconceituosas contra outra estudante, quando, inclusive, teria a chamado de “preta” de forma pejorativa. “Nos mobilizamos em uma assembleia com os moradores do alojamento e decidimos pela manifestação na manhã de hoje [ontem]. A maior intenção é a de explicar o ocorrido e conscientizar a comunidade de que o racismo é o câncer da sociedade e que ele não está distante da nossa realidade”.
O ato teve início por volta das 6h30, na porta da Unesp, e terminou por volta das 11h, após os alunos se reunirem em diversos pontos como o prédio da Educação Física, Geografia, Pedagogia e Matemática. A mestranda em Geografia, Franciele Valadão, também esteve presente na manhã de ontem e afirma que o debate é um ato sinônimo de denúncia contra o racismo para que os alunos não aceitem a impunidade. “Participei e vejo isso como um processo de aprendizado, já que sou uma mulher branca e pude ouvir e compreender um pouco do que as mulheres negras enfrentam diariamente. O preconceito não pode ser naturalizado e passar batido”, informa.
Um novo ato na Unesp já está definido para o próximo dia 29, conforme as duas estudantes, para tratar do mesmo tema. A manifestação será a partir das 14h30. A Universidade Estadual Paulista, por meio de nota, afirma que repudia quaisquer opiniões preconceituosas e que incitem a discriminação, violência e sentimentos de ódio, além de dizer que a Unesp conta com um Grupo de Prevenção da Violência. “As denúncias envolvendo servidores docentes, técnico-administrativos e alunos da instituição são recebidas pela ouvidoria, por meio do ouvidoria@reitoria.unesp.br e encaminhadas aos órgãos, internos e externos à Unesp, competentes para investigações, que correm sob sigilo”.
