Que a mãe natureza traz benefícios à humanidade isso é mais que fato. Mas em números, uma pesquisa da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) tentou mostrar que os resultados positivos através dela podem atingir outros pontos do dia a dia, como o consumo de energia elétrica. E conseguiu. O estudo, que visitou três conjuntos habitacionais de Presidente Prudente, aponta que a arborização em imóveis e no entorno podem sim gerar redução no consumo.
A constatação veio a partir do estudo sobre arborização urbana e parâmetros ambientais, desenvolvido pela arquiteta Djanine Dolovet Martins Silva e orientado pela bióloga Suzana Chiari Bertolli, pesquisadora científica com expertise em fisiologia vegetal. Ambas visitaram, para a coleta de dados, os conjuntos com residências nos padrões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento): José Souza Reis, construído há 17 anos e que possuí 30 unidades; o João Domingos Neto, que tem quatro anos e 2.369 casas; e o Bela Vista 1, de três anos e 162 moradias.
E mediante a utilização de metodologia pertinente, a coleta de dados foi feita. De cada bairro, foram escolhidas dez casas de ruas nos extremos da periferia e seus entornos com áreas desabitadas, para que tivesse equivalência em termos de localização. Segundo Djanine, os questionamentos principais da pesquisa foram sobre a diversidade de espécies, influência em conforto térmico e no consumo de energia elétrica.
Nas calçadas as árvores foram avaliadas em suas dimensões de diâmetro de copa, largura e altura. Com o uso do Confortímetro Sensu, foram analisados os parâmetros de temperatura média, velocidade média e umidade relativa do ar. Nas casas os moradores responderam questionário sobre consumo de energia e uso de ar condicionado e ventilador.
Feito isso e diante os resultados, as pesquisadoras destacam que o que faz diferença mesmo é o tamanho das árvores, e não a espécie. “Nas casas com maiores árvores na frente é menor o uso de ar condicionado ou ventilador, de tal forma que o consumo de energia elétrica também é menor. Portanto, a arborização tem impacto na economia”, completa a instituição de ensino.
Efeito colateral
Sobre o estudo, Djanine fala do efeito colateral, no sentido de ter de limpar quintais, com a queda de folha, apontando como algo insignificante em meio aos benefícios. “Limpar o chão é o mínimo em relação aos benefícios da arborização que pode ajudar a reduzir a temperatura da casa e também o consumo de energia. A população e os governos devem ter essa conscientização”, frisa.
Por fim, Suzana lembra do fato de tais habitações serem destinadas para uma população de menor renda e, sendo assim, o resultado do trabalho pode contribuir como fonte para as políticas públicas habitacionais. “O diferencial desse estudo é mostrar que a arborização poder gerar benefícios não somente para os conjuntos habitacionais e nem só em Prudente, mas em todos os setores das cidades e em qualquer cidade”, finaliza.