Após dois anos, paratleta volta a representar PP

ATLETISMO Jerusa Geber segue preparação focando nas competições da temporada e busca patrocínios para sonhos mais altos

Esportes - JULHIA MARQUETI

Data 10/06/2018
Horário 08:30
Julhia Marqueti, Paratleta e seu marido, Luiz Henrique, treinam atualmente na pista de atletismo da Unesp
Julhia Marqueti, Paratleta e seu marido, Luiz Henrique, treinam atualmente na pista de atletismo da Unesp

Mesmo 2018 não sendo um ano com grande número de competições para o atletismo, dificilmente o atleta dá uma pausa nos trabalhos. O que não é diferente no caso de Jerusa Geber dos Santos, que acaba de retornar para Presidente Prudente após dois anos. Atual segunda colocada no ranking nacional dos 100 metros, a velocista não deixa de buscar boas colocações, já que é isto que a mantém com um de seus patrocínios. Mesmo com toda a dificuldade de ajuda, a paratleta foi uma das atletas convidadas para o Open Berlim 2018, na Alemanha, e segue treinando para melhorar seu tempo no decorrer dos treinos e das competições.

A velocista Jerusa Geber, de 36 anos, é um daqueles casos de atletas que começaram tarde, mas alcançaram resultado rapidamente. Diagnosticada com catarata congênita, aos quatro anos passou por sua primeira cirurgia, mas aos oito, foi descoberto o glaucoma, que fez com que perdesse totalmente a visão. Sendo assim, só começou a fazer parte do atletismo aos 19 anos. “Comecei na minha cidade natal, em Rio Branco, no Acre, quando fui convidada pelo meu ex-treinador, que é deficiente visual também”, relembra.

Com o início difícil e marcado por quedas, por conta do medo que ainda havia, a atleta cita outra dificuldade que encontrou no início: um guia de confiança. “Tinha problema com guia, já que não tinha um fixo. Então corria com um e na maioria das vezes não tinha muita experiência. Era chegar na competição e correr com qualquer um que estava ali, não tinha muita afinidade e nem confiança”, explica.

Ela representou a sua cidade nas primeiras competições que participou, mas foi representando seu país que passou a avançar ainda mais com a ideia de ser velocista. “Em 2005, quando participei da minha primeira competição representando o Brasil, me animei mais. Foi quando quis sair de Rio Banco e fui para Cuiabá, em 2006, participando do meu primeiro Mundial em 2007”, destaca. No ano seguinte, a paratleta participou de sua primeira Paralimpíada, em Pequim, na China, eonde alcançou a principal de toda sua trajetória. “Era minha primeira competição neste nível e eu conquistei o bronze nos 200 metros, com isso muitas portas se abriram, até em questão de patrocínio”. E as conquistas não pararam por aí. Em 2011 ela assegurou duas pratas no Parapan, no México, e repetiu o feito no ano seguinte, em Londres, na Inglaterra, e também em 2013, em Lyon, na França. Dois anos após, em 2015, levou a prata no Mundial do Catar e seguiu para 2016, sendo a quinta colocada nos 100 metros.

 

Dificuldades

Mas nem tudo são flores. Como em 2016 Jerusa Geber não conquistou medalhas nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, algumas portas se fecharam e não se abriram até o momento, segundo ela. “Como não consegui, foram cortados meus patrocínios, aí me deixaram só com o Bolsa Atleta. Então, em questão de patrocínio, ficaram muito menos após 2016”, relata. Mesmo com redução no apoio, a atleta não deixou de se manter no ranking mundial e treinar para, cada vez mais, melhorar suas marcas.

Atualmente, a paratleta é apoiada pela Semepp (Secretaria Municipal do Esporte), FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), Atletic Academia e o Ministério do Esporte, mas outra ajuda também é importante. Seu marido, Luiz Henrique da Silva, que também é seu guia, contribui para esse amadurecimento no esporte e conta que, ao invés de recuarem, estão tentando inovar e conseguir ir mais longe, mas ainda é difícil. “Ao longo do tempo, a gente notou que no esporte adaptado, para almejar voos mais altos, alcançar coisa melhores, a gente precisa de mais gente dando esta estrutura para a Jerusa, para ela poder brilhar. Eu era guia titular, hoje trabalhamos com dois guias pra justamente chegarmos aos objetivos que nunca alcançamos”, comenta o esposo.

 

Novo modelo de trabalho

Jerusa Geber treina atualmente na pista de atletismo da FCT/Unesp e tem a companhia de dois guias - seu marido Luiz Henrique e Jackson Cesar da Silva. “Estamos nesse novo formato, com estrutura mais nova, investindo bastante porque acreditamos que podemos ir mais longe. Hoje trabalhamos com dois guias, parte de assessoria e marketing, porque precisamos de alguém para dar mais calma pra gente. O mais importante é o treino, se ele está dando certo, a competição é só a cereja do bolo”, enfatiza Luiz Henrique. Mas para que tudo isso seja feito e levado adiante, ele não dispensa a importância de novos patrocínios que possam “sonhar junto com a gente”.

 

Próximas competições

Convidada para compor a delegação brasileira no Open Berlim 2018, na Alemanha, Jerusa Geber viaja neste mês para competição. A competição ocorre entre os dias 30 deste mês e 1° de julho, e a delegação brasileira embarca dia 26. Um mês após este compromisso, a velocista já tem outra data marcada na agenda - a 1ª Etapa Nacional Loterias Caixa, que ocorre nos dias 2 e 3 de agosto. Confiante, a paratleta vai em busca de seu melhor desempenho e de se manter no ranking mundial. “Através dos treinos acredito que vou me sair bem nas competições”, completa.

Publicidade

Veja também