Aplaudindo os professores

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 26/06/2018
Horário 05:00

Dizer que criança pobre não aprende é imperdoável, mais que isso, constitui um atentado contra os direitos humanos. A Escola Municipal Professora Odette Duarte da Costa, pertencente ao bairro mais pobre e com todos os tipos de carências, apresentava um quadro desolador com alunos analfabetos até no 5º ano. Hoje, essa escola constitui um marco na história de Presidente Prudente. O início da mudança ocorreu quando Edmar Aparecido da Silva assumiu a direção em, 2013.

Em 2014, com o apoio do doutor Luíz Antonio Miguel Ferreira, promotor de Justiça da Infância e Juventude, as portas se abriram para aplicar Plano Piloto naquela escola. Possibilitou também o trabalho a ex-secretária da Educação, Ondina Barbosa Gerbasi. Assim, foi possível formar, nesse mesmo ano, uma equipe com a supervisora Mara Amaral, diretora Sirlei Oliveira, a professora doutora da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), Onaide Schwartz, num trabalho de envergadura, desafiador e muita dedicação.  

A equipe assumiu entusiasmada e preocupada frente a grande responsabilidade. Ocorreu, no entanto, um trabalho que conduziu a um crescimento contínuo, cujos resultados estão hoje estampados no quadro de desempenho do índice de avaliação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Em 2015, a escola obteve a pontuação 179,12 em Língua Portuguesa, e saltou para 246,99 em 2017. Em matemática, de 195,91 saltou para 255,58. Assim, com resultados concretos, provou-se que os alunos mais pobres aproximaram-se do resultado de aprendizagem dos alunos da classe média e rica da Escola Municipal Coronel José Soares Marcondes, de Prudente. Hoje, a diretora Luciana Baraldo oferece sequência significativa ao trabalho ali desenvolvido.

Existe, leitor, prova mais cabal, mais concreta, de que crianças pobres são capazes de produzir como as crianças ricas? Na época, participei também do Plano Piloto da escola, incluindo orientação à Escola Municipal Professora Alayde Tortorella Faria Motta, pela coordenadora Lidiane Leal, em trabalho inédito de redação. Os alunos dos 2º ao 5º anos passaram a redigir com alegria, prazer e criatividade. Com a síntese desse trabalho, fechei o meu livro “Redação não se ensina”, que foi publicado no Brasil e Portugal, e aprovado para edição em mais quatro países, inclusive Estados Unidos. Entretanto, hoje, nas escolas do meu próprio município, esse livro jaz desconhecido. Bem, podemos nos acalentar, porque, como disse Buda: A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.

Aplauso aos professores de Prudente. A grande maioria das escolas do ensino fundamental tem obtido médias acima das metas previstas pelo Ideb. A propósito, a secretária da Educação, Sônia Pelegrini, aguardamos para o segundo semestre, as escolas prometidas para aplicação do Plano Piloto. Um trabalho significativo resulta em multiplicação de mudanças imprescindíveis, e as mudanças imprescindíveis das unidades conduzem a mudanças significativas do todo. Podemos irradiar nossas experiências no Estado de São Paulo e nunca mais alunos sairão da escola fundamental sem saber redação, sem capacidade de interpretar textos. Quem escreve bem organiza o pensamento e desenvolve o raciocino lógico, o que redunda na melhora em todas as disciplinas. “A educação é para a alma o que é a escultura para o bloco de mármore” (Joseph Addison). O Brasil precisa de mármores esculpidos, o Brasil precisa conquistar a “Copa da Educação”.

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