Apesar de queda, tarifa segue “inviável”, considera UEPP

Preço para serviços logísticos na extensão entre Epitácio e Santos (SP) recuou 14,83%, mas está “muito acima” do valor praticado no modal rodoviário, expõe entidade

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 29/12/2018
Horário 05:02
José Reis - Rumo apresentou possíveis soluções para transporte ferroviário na região
José Reis - Rumo apresentou possíveis soluções para transporte ferroviário na região

Sem a recepção de empresários, que discordam dos preços apresentados para a reativação do transporte ferroviário na região, a Rumo/ALL (América Latina Logística) retornou a Presidente Prudente, na manhã de ontem, a fim de propor soluções para os serviços logísticos no trecho entre Presidente Epitácio e Ourinhos (SP). Na reunião, realizada no Aruá Hotel, os representantes da concessionária voltaram a expor as estimativas de preços para as tarifas ferroviárias na extensão entre Epitácio e Santos (SP), que apontaram uma queda de 14,83% na comparação com a planilha entregue pela empresa em oportunidades anteriores. Antes, o valor expresso era de R$ 182 por tonelada, agora reajustado para R$ 155. De acordo com o presidente da UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e Região), Marcos Antônio Carvalho Lucas, esta é a primeira vez que a Rumo diminui os preços, o que pode ser resultado da “pressão dos empresários, que crescerá no ano que vem com as novas políticas de concessões anunciadas pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro [PSL]”. Mesmo reduzido, o valor ainda é considerado inviável.

Isso porque, segundo Marcos, um caminhão consegue fazer o transporte de cargas a R$ 110 por tonelada, cifra “muito aquém” daquela estipulada pela Rumo. No contexto ferroviário, menciona que o preço praticado no Rio Grande do Sul, em trecho similar e com distância parecida, é de R$ 70 por tonelada. Para mostrar que haveria demanda para viabilizar o transporte ferroviário, o representante relata que, mesmo não sendo seu objeto, a UEPP fez a captação de cargas e entregou para a empresa documentos assinados pelos propensos clientes, os quais foram divulgados em reuniões e entregues ao MPF (Ministério Público Federal) e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), no entanto, “na prática, a administradora não fez nada com isso”. “Quando a UEPP comprovou 1 milhão de toneladas, eles pediram 3 milhões. Se entregarmos essa quantia, solicitarão 5 milhões. É justamente uma estratégia para manter o serviço inoperante”, considera.

Questionado sobre a viabilidade de diminuir os preços estimados pela concessionária, o representante comercial da Rumo, Eudis Furtado Filho, afirmou que a “empresa está aberta a diálogos, de modo que os interessados tenham a oportunidade de sinalizar demandas e a intenção de contrato de longo prazo”. Ele contraria a hipótese de que a administradora não estaria interessada na recuperação do modal, uma vez que busca a renovação de toda a malha sul, na qual o trecho está inserido, junto à ANTT. “Atualmente, o contrato que está em processo de renovação é o da malha paulista. Na sequência, voltaremos a atenção para a malha sul, que é uma das mais produtivas do país”, comenta. “Na oportunidade, a ANTT fará um estudo detalhado sobre a extensão e definirá as metas de produção por trecho e onde e quanto a concessionária deverá investir”, completa.

“Mais do mesmo”

A sala onde houve a reunião estava vazia, com exceção de uma das cadeiras, ocupada pelo presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), Ricardo Anderson Ribeiro. Por curiosidade, ele decidiu comparecer ao local para ouvir quais seriam as novidades apresentadas pela Rumo, mas foi embora descontente. “Tudo o que eles disseram aqui já foi discutido em reuniões anteriores. Se não for para trazer nada de novo, é preferível nem marcar um encontro. A impressão que tenho é que vieram apenas para cumprir tabela”, avalia.

Ricardo Anderson aprova a decisão da UEPP de se ausentar da reunião, considerando que, em sua opinião, a empresa ainda não apresentou uma proposta que seja viável para a região e mais barata do que o transporte rodoviário. “Caso contrário, é mais rentável continuarmos transportando as cargas por caminhão”, analisa. O representante também não concorda em esperar a renovação da malha sul para definir o destino da malha ferroviária. “Vamos esperar até quando? Enquanto isso, os trilhos permanecem inoperantes e sem manutenção”, argumenta.

A este respeito, Eudis adianta que levará ao conhecimento da Rumo as reivindicações por limpeza da faixa de domínio da concessionária. Descarta ainda a possibilidade de remoção dos trilhos, tendo em vista que tratam-se de um bem operacional da União.

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