“Quem andou de fusca, raramente esquece as memórias da infância, as histórias vivenciadas em família e o amor de pai, que remetem ao passado do veículo”. É o que relembra o microempresário Vitor Augusto de Oliveira Brandão, 51 anos. O fusca faz parte da vida e da infância de muita gente, em especial, a dos colecionadores que, até hoje, preservam os veículos. De acordo com o sistema do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), existem 827.234 unidades do modelo registrados no Estado, sendo que, em Presidente Prudente, constam 3.960 registros do veículo, fazendo com que a cidade ocupe o 27º lugar no ranking. A capital está no topo da lista, com 257.408 unidades, seguida de Campinas (19.713) e Santo André (18.232).
O famoso chiqueirinho – denominação popular da parte traseira do fusca – traz em mente as boas lembranças vividas por Vitor, que, junto ao irmão, passou bons momentos em passeio de família com os pais. “Meu primeiro contato com o fusca foi ainda na infância, quando meu pai era proprietário de um veículo. Logo que eu me casei, comprei uma motocicleta, mas, devido ao gosto pelo modelo de carro, acabei trocando a mesma por um fusca. Com o tempo, tive que vendê-lo, com muita dor no coração [risos]”, no entanto, o microempresário afirma que a paixão não ficou para trás.
Há mais de 20 anos, época em que observou muitos jovens utilizando o fusca, mesmo não tendo o carro, Vitor juntou um grupo de amigos e conhecidos, e foi um dos fundadores do Clube do Fusca, que persiste até hoje. Com 130 membros de todos os cantos do país, se reúnem a cada quatro meses para a troca de ideias e interação entre o público. “Nos eventos eu levo o meu besourão, modelo de 1975, que é considerado raríssimo. Quem já andou de fusca, raramente esquece a sensação de conduzir o veículo”, explica.
Desde a infância
A paixão pelo fusca começou ainda quando criança. O consultor industrial, Benedito José Esteves, 70 anos, que também é colecionador de automóveis, é proprietário de uma coleção de aproximadamente 200 miniaturas do fusca, na qual preserva e guarda com bastante carinho. “O que mais chama a minha atenção neste veículo, além da aparência, é o conceito histórico dele. Pelo meu conhecimento, ele foi o mais produzido no Brasil, junto à Kombi, e diante de uma história marcante de grande comercialização, eu passei a gostar cada vez mais deste modelo”, expõe.
Ao relembrar um pouco sobre seu passado com o veículo, Benedito conta que, atualmente, possui dois modelos, um de 1970 e outro de 1978, ambos originais e conservados. Um modelo mais antigo, de 1961, que foi o primeiro a adquirir, fez questão de repassar ao filho, que herdou o gosto junto ao pai. Devido aos veículos estarem conservados, o colecionador utiliza o modelo mais novo para trabalhar, quando viaja pouco mais de 36 km diariamente, ida e volta.
“Esse de 1978 eu comprei em 1984, seis anos após o seu lançamento. Atualmente, eu faço questão de utilizá-lo para ir a Regente Feijó todos os dias e, para mostrar que ele não fica velho, comecei a fazer algumas adaptações, como reforma de bancos, coloquei pneus esportivos, tudo para trazer conforto e mostrar aos outros a paixão que sinto por carros”, acrescenta o colecionador. “Não existe nada que justifique tanta admiração, apenas gosto e vou continuar trazendo beleza, modernidade e, claro, conservando esses modelos”.
Ação filantrópica
Recentemente, o Setor de Oncologia da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente recebeu a doação de um Fusca 1.500 original, fabricado em 1974. O presente chegou por meio do empresário do ramo de madeireira, Adriano Donizete Gabriel, que, sensibilizado pelo tratamento recebido por dois amigos, resolveu fazer a doação. De acordo com a Assessoria de Imprensa da unidade de saúde, os recursos arrecadados com a comercialização do veículo serão destinados para a aquisição de medicamentos oncológicos.