Amor conjugal

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 12/08/2018
Horário 04:00

Nesta Semana Nacional da Família (12–18 de agosto), compartilho uma lenda dos índios Sioux. Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da aldeia. — “Nós nos amamos e vamos nos casar, disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, um talismã... Alguma coisa que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure permanecer um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?” E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, apaixonados e ansiosos por uma palavra, manifestou-se:

— “Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e penosa. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte desta aldeia e, carregando apenas uma rede, caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo –continuou o feiticeiro– deves escalar a montanha do trono para encontrar lá em cima a mais brava de todas as águias e com somente uma rede nas mãos apanhá-la e trazê-la viva para mim.”

Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão confiada pelo feiticeiro. No dia estabelecido, à frente de sua tenda, os dois esperavam com as aves ensacadas. O velho pediu que as tirassem dos sacos com cuidado e viu que eram verdadeiramente formosos exemplares da espécie. — “E agora, o que faremos? –perguntou o jovem–. Matamos e depois bebemos em honra de seu sangue? Ou cozinhamos e depois comemos o valor de sua carne?” — “Não! –disse o feiticeiro–. Apanhem as aves e amarrem-nas uma à outra pelas patas, com essas fitas de couro. Quando estiverem bem amarradas, soltem-nas para que voem livres.”

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado. Soltaram os pássaros atados um ao outro com aquela fita de couro nas patas. A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do voo, arremessavam-se uma conta a outra, bicando-se até se machucarem. Ao que o velho feiticeiro sentenciou: — “Jamais se esqueçam do que estão vendo. Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão se arrastando, como também, cedo ou tarde, começarão a machucarem-se mutuamente. Se quiserem que o amor de vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.”

Essa história permite-nos refletir que na vida conjugal há necessidade de cultivar e renovar sempre o compromisso de amor e fidelidade feitos diante do altar da comunidade e de Deus. O respeito ao modo de ser e agir de cada um faz com que haja aceitação mútua de qualidades e defeitos. Afinal, nenhum dos dois estão prontos, acabados, mas imperfeitos assumem o caminho juntos “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias” de suas vidas.

O sacramento matrimonial funda a família. Casamento não é prisão desde que não se prendam. Casamento é uma graça divina para que homem e mulher não estejam sozinhos nem vivam apenas para si mesmos, mas para o outro, aprendendo a amar e a ser gente naquele lugar que se chama lar, algo bem maior do que simples casa/apartamento. Aliás, há casas/apartamentos belos que ainda não são um lar/família e por isso desprovidos de amor e de liberdade sinceras.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida (e família). Pax!!!

 

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