Altruísmo e solidariedade independem de etnia, religião ou aspectos culturais

EDITORIAL -

Data 27/07/2018
Horário 05:55

“Qual o valor de viver, se não for lutar por causas nobres e tornar este mundo confuso um lugar melhor para aqueles que viverão nele depois de termos partido?”. A frase, do estadista britânico Winston Churchill, traduz bem a história do prudentino Rodolfo Cunha Cordeiro que, em 2014, deixou tudo para trás para embarcar, por conta própria, para Donbass – como é chamada a região do extremo leste da Ucrânia, país que, desde 2013, vivencia uma intensa crise política e econômica.

Entrevistado por O Imparcial para a coluna Personalidades desta semana, o militar, de 30 anos, compartilhou um pouco de sua história de vida e contou como é viver em uma área de conflito, que passa por uma guerra civil que já deixou mais de 10 mil mortos. Muitos se questionam qual o propósito deste jovem, o motivo de ele ter deixado sua casa, família e amigos, no bairro Ana Jacinta, onde morava, para se juntar a uma causa de outro povo. Fato é que qualquer que seja a etnia, religião ou cultura, todos somos...seres humanos. E a decisão de Rodolfo foi baseada justamente nisto, em prestar solidariedade àquele povo que vivia em meio a um caos político e econômico, e era submetido à violência genocida de um governo golpista, radicais nacionalistas e grupos neonazistas.

Quando o conflito estourou, em 2014, o prudentino passou a pesquisar sobre o assunto, e a coragem de pessoas sem nenhuma experiência militar, em plena guerra, lutando contra o medo ali instalado, comoveu o militar – que na época era agente de segurança e cursava Direito. Questões históricas e políticas à parte, Rodolfo mostrou que é possível se identificar plenamente com uma causa que, aos olhos de muitos, é invisível, e deixar tudo para trás para defendê-la com a própria vida.

Olhares julgadores e reprovadores certamente existirão. Muitos os consideram louco ou até terrorista (pasmem!). Mas Rodolfo é somente mais um prudentino que, assim como tantos outros, se solidarizou com o sofrimento alheio e teve coragem e altruísmo suficientes para abraçar sua causa e, tudo isso, sem saber se haverá o dia de amanhã. Com certeza, após testar todos os seus limites físicos e emocionais, um novo Rodolfo nasceu. Afinal, em suas próprias palavras, “depois que você passa a viver em uma guerra, você se torna outra pessoa. É como uma espada forjada – você pode não notar a diferença, mas a estrutura interna foi modificada”. A lição que fica: seja solidário ao próximo, mesmo que este próximo esteja distante.

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