Aline Pellegrino fala de futebol, preconceito e educação em vivência

FUTEBOL FEMININO Ex-capitã da seleção brasileira e atual dirigente da FPF contou um pouco sobre sua trajetória no esporte

Esportes - JULHIA MARQUETI

Data 15/03/2018
Horário 10:16
Marcio Oliveira, Aline Pellegrino aproximou os alunos de sua trajetória no futebol com suas histórias
Marcio Oliveira, Aline Pellegrino aproximou os alunos de sua trajetória no futebol com suas histórias

Com muito barulho, brincadeira e prática de esporte, a tarde de ontem foi diferente para os alunos da Escola Estadual Francisco Pessoa, do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, de Presidente Prudente. Deixando um pouco a sala de aula de lado, a tarde foi na quadra da escola ao lado, Professor Oracy Matricardi, com muita bola e conversa sobre a vida de Aline Pellegrino, ex-capitã da seleção brasileira de futebol feminino e atual coordenadora da modalidade na FPF (Federação Paulista de Futebol). Na ocasião, a atleta conversou também sobre educação e o preconceito com a mulher no esporte, que é dominado em sua maioria por homens.

Para a atleta, esse tipo de evento é sempre satisfatório pela proposta colocada pelo Sesc (Serviço Social do Comercio), que é a de aproximar a “molecada” da trajetória e dos exemplos de vida superados por ela. “É motivacional trazer algo que está distante deles, como medalhas, histórias. Hoje foi o primeiro dia da atividade, tenho mais dois, mas foi muito positivo”. A faixa etária dos alunos presentes na atividade, de 10 a 16 anos, também foi citada pela ex-capitã. “É uma idade de construção do caráter, de valores. Passamos por um momento na nossa sociedade de muita transição e mudança e às vezes eles não entendem as mudanças. Começam sabendo que podem isso, podem aquilo, e agora podem tudo”. comenta.

Oportunidades entre homens e mulheres foi um tema frisado no bate-papo com a ex-jogadora. “Quero que eles entendam também a questão de oportunidades entre homens e mulheres. Não é que homem é melhor que mulher ou vice-versa, é questão de oportunidade. A gente tem que ter as mesmas oportunidades, se a menina quer ser jogadora de futebol, ela tem que ter a oportunidade, se vai dar certo ou não, isso é outro assunto”, explica.

 

Preconceito

Sobre o preconceito, a jogadora que ganhou grande espaço no esporte considerado masculino, contou a sua visão sobre a atual situação do país. “O Brasil tem 500 anos enraizado nesta cultura machista, da mulher ter espaço menor, a mudança não vai vir em 50 anos. Temos que falar com estes adolescentes, que daqui um tempo serão pais e vão educar diferente, então é um processo de longo prazo, é uma questão cultural muito forte, mas que já começamos”, afirma.

Quando a ex-atleta diz que o jeito é conversar com os adolescentes de hoje, os depoimentos de quem participou da vivência provam a mudança de pensamento de cada um que ali estava. De acordo com o aluno Gabriel Peruche Lemes, que participou da atividade de futsal e handebol, o preconceito é algo que não pode acontecer. “Não pode ter preconceito com mulheres que jogam. Ela é muito legal, chegar em casa vou procurar vídeos dela para conhecer mais”, conta. A mesma opinião é colocada por Miguel Souza. “O negócio de menina não poder jogar é meio estranho, toda menina pode jogar o que quiser”, considera o garoto.

Aline Pellegrino serviu também de exemplo para aqueles que não gostam muito de esporte, mas entendem que mulher tem que ter espaço e oportunidade independente da profissão que escolher. “Não gosto muito de esporte, mas ela é incentivadora para buscarmos nosso espaço. Ela nos representa”, disse a aluna Larissa Oliveira.

 

“Quero que eles entendam também a questão de oportunidades entre homens e mulheres. Não é que homem é melhor que mulher ou vice-versa, é questão de oportunidade. A gente tem que ter as mesmas oportunidades, se a menina quer ser jogadora de futebol, ela tem que ter a oportunidade, se vai dar certo ou não, isso é outro assunto”

Aline Pellegrino,

ex-jogadora

 

Futebol Atual

Sobre a atual situação do futebol no país, Aline Pellegrino afirma que temos algo que nem todos os outros países têm. “Estamos passando por um processo pós 7 a 1, mas você vê, com qualquer outro país não aconteceria tão rápido esta reviravolta. Tomamos uma goleada ontem e entramos na próxima Copa como um dos favoritos”, enfatiza.

A ex-capitã cita também a gestão do país. “O Brasil está acostumado a fazer uma gestão mais antiga, em que não se olha muito para fora. Não quero dizer que o que estão fazendo lá fora é o certo e melhor que nós. Temos que valorizar o que temos aqui, mas estar aberto a pegar uma ou outra proposta, ver um ou outro case de sucesso e tentar aplicar aqui também dentro do nosso contexto”, completa.

A atividade com a ex-atleta continua hoje, na Escola Estadual Professor Hugo Miele, na Vila Esperança, das 8h30 às 10h30 e das 14h às 16h. A vivência será encerrada amanhã, das 8h30 às 10h30 e das 15h às 17h, na Praça da Juventude Francisco Vinha, também no Ana Jacinta. No encerramento, a atividade será aberta para todos os interessados.

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