Ontem foi realizada a última Feira de Adoção de Animais do ano, promovida pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) em Presidente Prudente. Apesar da grande movimentação registrada em prol dos 30 cães e gatos disponíveis para um novo lar, infelizmente adotar ainda não é uma prática tão universal e a compra de pets de “raça” ainda é uma cultura forte no país.
É essa cultura relacionada aos bichinhos de estimação que ocasiona na quantidade assustadora de animais que são simplesmente jogados fora e abandonados à própria sorte, por não serem de uma “raça pura”, os chamados “vira-latas”. Ainda que não exista uma estatística consolidada e oficial, basta andar pelas áreas periféricas da cidade para verificar in loco a profusão de animais que estão nessa situação.
Vender cachorros e gatos se tornou um verdadeiro mercado, e em muitos casos as “matrizes” (mães dos bichinhos) vivem em situações degradantes e condições inóspitas (em meio a locais sujos, sem água e comida ou cuidados veterinários) forçadas a ter mais gestações do são capazes de conduzir e depois tratadas como lixo quando se tornam “inúteis” para a procriação.
Esse cenário triste está bastante relacionado com a cultura de especismo, que se configura por uma sociedade que estabelece valores diferentes a seres dependendo de sua espécie, principalmente no que diz respeito à discriminação que envolve atribuir a animais sencientes diferentes valores e direitos baseados na sua espécie.
Mas é importante lembrar que os pets são seres vivos e não mercadorias. Eles têm sentimentos, necessidades de amor, de um lar e o comércio que envolve a venda dos bichinhos é injusto e por vezes cruel. Se as pessoas começarem a refletir sobre a importância da adoção, esse sistema toda falirá em questão de tempo, visto que só haverá vendedor enquanto houver compradores. É apenas com conscientização que essa realidade pode ser transformada.