Aconteça o que acontecer

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 04/09/2018
Horário 04:30

É importante o parâmetro do outro para o ser humano enxergar melhor a si mesmo. É na relação social, nas críticas, nos elogios, nos confrontos que o homem se percebe melhor. Creio, assim, que os maiores colaboradores dos homens públicos são os jornalistas porque o poder seja ele qual for, exerce certa hipnose nos representantes do povo que pode anuviar seus olhos e conduzi-los até os desvarios como ocorre na política brasileira.   

As críticas auxiliam o ato de mostrar se a coletividade está ou não satisfeita com seus representantes, se estão fazendo o que devem, se estão cumprindo dignamente suas atribuições e o que o povo deles espera. Se os jornalistas tivessem iniciado levantamento das ações dos palacianos de Brasília há dez anos, provavelmente os crimes não teriam chegado aonde chegaram; teria sido melhor aos políticos e menos pior para o Brasil.    

Os vestibulares exigem dos alunos reflexão de fatos contemporâneos e históricos. Entre as últimas aulas, como professora de redação, propus aos alunos o tema: “Crise, uma ameaça ou também oportunidades? Não é difícil escrever para adultos, difícil é a tarefa do professor, frente a uma juventude bonita, cheia de encantos e sonhos; ter que conduzi-los à reflexão desta crise feia e mal cheirosa que herdaram sem nenhuma culpa ou responsabilidade. Então me lembrei de sábios capazes de nos ensinar travessias nos momentos difíceis e capacidade de alimentar a alma dos jovens e dos brasileiros hoje. Citei pensamento de Albert Einstein: “A crise é benção que pode ocorrer com pessoas e países, porque ela traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. “Quem supera a crise, supera a si mesmo, sem ficar superado”.

Afirma ainda: “Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas que as soluções”. A verdadeira crise é a da incompetência. Sem crise não há desafios. Sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.

Como é importante o parâmetro do outro para o ser humano enxergar melhor a si mesmo, encerrei a aula esclarecendo que Einstein viveu durante duas dolorosas grandes guerras mundiais. Foi criticado, confrontado perseguido e como judeu precisou fugir da Alemanha para não fazer parte do genocídio de Hitler, nesse ínterim por algum tempo sem emprego e com séria dificuldade econômica. Entretanto, ofereceu à humanidade além da esperança a maior mudança da visão do mundo que já fora ocorrida desde os primórdios da humanidade. Então, os jovens alunos pensaram, pensaram, e puderam sorrir.

 

 

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