Acolhidos contam expectativas para fim do ano

Moradores do Lar São Rafael e da Vila da Fraternidade, em Prudente, discorrem sobre a data, planos de visitas e permanência nas instituições

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 24/12/2018
Horário 08:05
José Reis - Com saudades, Carlos Alberto espera visitas de irmã e cunhado
José Reis - Com saudades, Carlos Alberto espera visitas de irmã e cunhado

Neste período festivo, idosos que residem em casas de acolhimento de Presidente Prudente permitem-se alimentar expectativas quanto à visita de familiares e amigos. Para alguns, a longa permanência nas instituições resulta no afastamento dos vínculos afetivos, ao passo que, para outros, os laços são mantidos. Independente de qual seja a situação, as companhias e amizades que construíram dentro dos abrigos são suficientes para que não se sintam solitários. Atendido pelo Lar São Rafael desde 2012, Carlos Alberto Rosin Bertozzi, 65 anos, ainda não obteve nenhuma confirmação, mas espera alegremente a visita de sua irmã, que mora na capital paulista, e de seu cunhado, que vive no Estado de Santa Catarina. Uma vez que costumam vê-lo no fim do ano, Carlinhos, como é conhecido na casa, torce para que desta vez não seja diferente. “Estou com muitas saudades, mas animado”, afirma.

O idoso relata ainda que as expectativas para o Natal são as melhores. “Gosto do fim do ano porque as pessoas lhe dão presentes e se aproximam mais umas das outras. Fica muito melhor para a gente poder conversar com elas. Além disso, passamos a receber visitas da comunidade com frequência maior, o que faz nos sentirmos mais acolhidos”, expõe. Há sete anos no Lar São Rafael, Paula Ricci, 77 anos, acredita que não terá a companhia dos irmãos neste Natal, contudo, não se sente triste por isso, já que está rodeada de amigos. “É uma data que gosto bastante. Fico muito feliz quando o Papai Noel vem aqui, pois me lembro da minha infância”, explica, nostálgica.

Na Vila da Fraternidade, em Prudente, onde é adotado o sistema de casa-lar, que oferece atendimento em unidade residencial, a idosa Margarida Xavier da Costa, 82 anos, tem a oportunidade de ir passar o Natal com a família, no entanto, prefere permanecer na vila, que é “onde está a sua casa”. “Os mais antigos têm o hábito de passar a data em suas residências. Então, meu desejo é ficar aqui, orando e agradecendo”, comenta. A escolha é respeitada pelos filhos, que costumam passar pelo local para cumprimentar a mãe. “Eu pergunto se eles não se incomodam com a minha vontade de continuar aqui, mas dizem entender. A minha família é a coisa mais linda do mundo”, comenta. Há 15 anos na vila, Margarida não esconde a felicidade de morar no lugar. “É tão bom estar aqui que até parece que cheguei agora”, conta.

A moradora Dileia Maria Seito, 77 anos, por outro lado, foi acolhida pelo serviço há três anos e, desde então, faz questão de deixar o local para passar as festas de fim de ano com a filha, já que os outros dois moram no exterior. “Não sei quanto tempo ainda me resta, então, é sempre bom aproveitar com a minha filha”, afirma. A decisão de se mudar para a vila partiu dela própria, pois morava em um sítio e se sentia muito solitária quando a família da filha saía para trabalhar. “Pelo menos não estou dando trabalho para ninguém e tenho companhias o dia todo”, pontua.

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