Abortar é matar

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 05/08/2018
Horário 05:19

A legalização do aborto no Brasil volta mais uma vez às atenções da opinião pública e das autoridades; estas são cobradas a tomarem uma decisão favorável ou contrária à “interrupção voluntária da gravidez”. Só que, desta vez, não serão os deputados federais e senadores a assumirem essa responsabilidade, mas os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Serão promovidas audiências públicas (3 e 6 de agosto), antes que os ministros tomem suas decisões. Em artigo publicado no Semanário da Arquidiocese de São Paulo —O São Paulo— o Cardeal Odilo Pedro Scherer procura responder “por que dizemos não ao aborto?”. Diante da argumentação de ONGs e partidos políticos pró-aborto, o cardeal afirma que “os legítimos direitos da mulher e da mãe devem ser assegurados na justa medida, sem suprimir a vida do seu filho, ainda por nascer”.

Seguindo, Scherer classifica a linguagem favorável à legalização do aborto como “nebulosa, escorregadia e leva a equívocos insidiosos”. Para o cardeal, “começa com o próprio uso do conceito de “interrupção voluntária da gravidez”, em lugar da palavra aborto, que todos entendem e que diz claramente o que está em jogo: a supressão da vida de um ser humano inocente e indefeso, antes mesmo de nascer”. Mais. “O aborto não é a mesma coisa que fazer a retirada de uma vesícula biliar, de um rim doente ou de uma parte do organismo. O aborto não é simples interrupção de um processo orgânico chamado gravidez. Em palavras claras e sem rodeios, o aborto voluntário significa matar e eliminar um ser humano. Embora este ainda esteja unido ao corpo da mãe e seja dependente dela, ele não é parte do corpo da mãe, mas é um outro ser humano, um outro corpo”.

Em questão, “os membros do STF vão decidir se o ato voluntário de provocar o aborto antes de completar 3 meses de gestação será, daqui por diante, “legal” e se ficará livre de implicações judiciais e criminais”. Preocupa o fato de “que se olha o aborto apenas sob a ótica do “legal” ou do “criminal” da parte do adulto e se esquece completamente o principal atingido por esse ato, que é o próprio feto ou bebê em gestação”. Constatando que “a lei, que deveria assegurar a proteção do direito à vida do ser humano indefeso e inocente, poderá voltar-se contra ele e assegurar inteiramente a proteção do agressor contra a vida do bebê”. “Isso não será uma inversão perversa da justiça e do direito?”, questiona.

As alegações sobre as consequências funestas do aborto para a mulher são baseadas num suposto “direito ao aborto”. “Há até quem defenda o aborto —destaca— como um “direito humano”. (...) Visto que ninguém é obrigado a fazer um aborto, “vamos combater os males que atingem a mulher, legalizando a matança de inocentes? Deve o feto pagar com a vida por ações inconsequentes de adultos?”. Recente nota da comissão episcopal Pastoral para a Vida e a Família, da CNBB, reforça a firme posição da Igreja “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, e condena, assim, “todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”.

Em sua evangélica opção preferencial pelos pobres, a Igreja vem em socorro dos mais desprotegidos de todos os desprotegidos: os nascituros, que, indefesos, correm o risco de desamparo da lei e da consequente anistia para todos os promotores desta que São João Paulo II chamava de cultura de morte. A Igreja tolera divergências, mas não silenciará diante dessas forças de morte.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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