A disrupção como método no setor do turismo

OPINIÃO - Vinicius Lummertz

Data 26/02/2020
Horário 05:19

Uma fagulha, faíscas a partir da alteração de uma transmissão de energia elétrica. De maneira simples, esta é a origem do termo disrupção, muito usado no mundo corporativo. Na administração pública, os exemplos são escassos, mas não significa que não seja um princípio a ser tentado pelos gestores. Há muita coisa estabelecida que se perpetua, ainda que já não tenha os mesmos efeitos. Na regulamentação do turismo, setor que cresce em importância pela capacidade de gerar empregos, há alguns exemplos.

 Parte inferior do formulárioO governo federal eliminou a exigência de visto de entrada para norte-americanos, canadenses, japoneses e australianos. Durante décadas, o setor privado de viagens pedia que isso fosse feito e a resposta era a mesma: só deveríamos isentar desta exigência os países que dessem aos brasileiros o mesmo tratamento. Resposta clássica e até correta, mas que não garante o desenvolvimento do turismo receptivo com o aumento no número de visitantes internacionais. Resolverá todos os problemas? Não, mas ajudará a criar um cenário favorável.

Puxando para São Paulo, o governo decidiu cortar pela metade o ICMS (Imposto sobre Mercadorias e Serviços) sobre combustível de aviação, de 25% para 12%. Resultado: 676 novas frequências aéreas semanais a partir dos aeroportos paulistas, incluindo vários do interior. A redução, ansiada pelas aéreas, poderia ter sido feita há anos e os aeroportos regionais já estariam mais ativos. Agora estão e ganham, inclusive, atratividade para uma eventual concessão.

Outro exemplo: as Secretarias de Turismo e Educação decidiram pelo fracionamento das férias em três períodos no ano. A demanda por viagens será distribuída, evitando o aumento excessivo dos preços e melhorando o uso da infraestrutura. Resta agora os setores econômicos (agências, pousadas, transportadoras) se organizarem para aproveitar esta realidade e a rede privada de ensino avaliar os possíveis ganhos no aprendizado.

Em comum, as decisões em São Paulo e do governo federal poderiam ter sido tomadas há tempos, mas estavam acomodadas em uma transmissão de energia estabilizada e que se perdia no emaranhado de normas e regras. Essas condições foram desconsideradas, energizando “disruptivamente” as novas possibilidades de aquecimento econômico e de geração de negócios no turismo nacional – os bons resultados comprovam a tese.

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