95% dos casos de hipertensão são por má alimentação, diz médico

"Na maioria das vezes, a culpa é do sobrepeso, excesso de sal e de açúcar também", afirma Ureliano Reis, cardiologista

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 12/10/2018
Horário 09:11

Pressão alta ou hipertensão arterial é uma doença presente no cotidiano do brasileiro. Ao menos é o que aponta o levantamento de 2017 do Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), o qual aponta que a prevalência desse tipo de problema atinge 60,9% dos adultos com 65 anos ou mais. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, a doença causou 49.640 mortes no país em 2016. Para saber um pouco mais sobre a hipertensão, causas e prevenções, a reportagem conversou com o médico cardiologista Ureliano Cintra Reis, que já adianta que 95% das ocorrências estão vinculadas a maus hábitos de vida. 

Segundo o especialista, embora os dados mostrem que a faixa etária de maior propensão é a idosa, hoje em dia, os jovens são tão acometidos pela enfermidade quanto os antigos. A culpa é do estilo de vida moderno que, ao poucos, deixa de lado uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos. “Na maioria dos casos, a culpa é do excesso de peso, alimentação errada, excesso de sal e de açúcar também. Porém, existem as exceções, quando a pessoa desenvolve hipertensão por fatores genéticos ou problemas médicos específicos”, expõe.

Conforme o médico, a pressão ideal para a qualidade de vida é de 12 por 8. Sendo assim, ele denota que a pessoa só pode ser considerada hipertensa quando apresentar um número acima de 13 por 8 repetidas vezes no prazo de duas semanas. “Os milímetros de mercúrio também devem estar iguais ou superiores a 130 por 80, porém, muitas coisas podem causar alteração na pressão, não necessariamente a doença. Por isso, é preciso que seja observado durante duas semanas”, explica Ureliano.

Tratamentos e complicações

Segundo o cardiologista, após diagnosticada a doença, a primeira intervenção a ser feita é nos hábitos alimentares do indivíduo. Ele explica que alimentos processados e ultraprocessados não têm vez na dieta de um hipertenso. Junto a isso, conforme orienta, deve se dedicar a algum tipo de atividade física que aumente o bem-estar. “Caso nenhuma dessas orientações mostre resultados, aí sim começa um tratamento à base de medicamentos”, pontua.

Ureliano destaca que, embora seja uma doença silenciosa, a hipertensão pode causar problemas de insuficiência renal, e alta propensão ao desenvolvimento de AVC (acidente vascular cerebral). “Nos casos mais graves pode gerar até insuficiência cardíaca”, acentua.

Pressão na rotina

O prudentino Felício Claúdio Coelho Gomes tem 60 anos e há 4 descobriu que entrou para o time dos brasileiros hipertensos. Segundo ele, sentia dores de cabeça constantes, a princípio, achou que estavam relacionadas ao uso diário do cigarro. Porém, em uma visita a um neurologista, após medir a pressão, se surpreendeu a vê-la na casa dos 14 por 8. “O médico disse que eu poderia ter hipertensão e recomendou que eu passasse em um cardiologista”, relembra. Com isso, marcou a consulta e no consultório recebeu o diagnostico. Desde então, a alimentação regrada e caminhadas diárias são parte de seu dia a dia.

“Eu costumo dizer que é assim, saúde e Deus a gente só procura quando precisa, nosso passado sempre manda a conta, então, a vida ensina e a gente aprende, mesmo que tarde, que saúde não se brinca e tem que cuidar. Hoje eu controlo alimentação, faço aulas de natação duas vezes por semana, tem que ser assim”, relata Felício.

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