A gestação é um momento especial na vida da mulher e exige cuidados em relação à saúde da mãe e do bebê. Uma pesquisa realizada pela reportagem em três hospitais de Presidente Prudente mostra que em 2017, foram feitos 1.905 partos. Destes, 586 crianças nasceram por parto natural e outras 1.619 - o que representa uma taxa de 85% - através de cesárea. Entretanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que apenas 15% dos nascimentos ocorram de forma cirúrgica.
Para garantir que as grávidas tenham uma experiência positiva na hora do parto natural, a organização divulgou algumas recomendações para reduzir as intervenções médicas desnecessárias. Solicitamos dados do Hospital Estadual e Nossa Senhora das Graças, mas até a publicação da reportagem, não obtivemos retorno.
A obstetra Tais Molina esclarece que o parto humanizado necessita de uma assistência menos intervencionista “como o uso indiscriminado de episiotomia, ruptura provocada da bolsa amniótica, lavagem intestinal, raspagem dos pelos pubianos e, particularmente, parto cirúrgico tipo fórceps ou cesáreas”. Desta forma, ela diz que o parto normal é o mais incentivado.
Para a médica, “a assistência cirúrgica só pode ser feita quando realmente precisar”. Ela comenta que a cesárea é um ato “completamente intervencionista” pelo fato de o bebê nascer com hora marcada e em um ambiente cirúrgico. Entretanto, acrescenta que a mãe “acaba nem vendo o nascimento do filho, o que torna momento mais frio”.
De acordo com a obstetra, desde o final do final dos anos 80, houve um aumento pela busca da humanização do parto com o acompanhamento de médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos e doulas. Para ela, “promover o parto mais humanizado é um grande desafio” que busca contribuir para que essa experiência, que antes natural, seja no ambiente hospitalar “num ritual mais próximo do familiar”. Contudo, a médica alerta que o parto humanizado deve respeitar as expectativas da mulher e levar em conta as condições de saúde dela e do bebê.
Ajuda é bem-vinda
Para os papais que buscam uma ajuda para entender a razão do parto humanizado, é importante buscar a assistência de alguém especializado. Há quatro anos, a doula Aline Matricardi realiza o sonho das mamães que buscam o parto natural. Ela conta que a procura pelo seu trabalho tem aumentado ao longo do tempo e acredita que a diferença tem se dado pela divulgação que ocorre a respeito do parto normal. De acordo com Aline, na região de Prudente “o trabalho ainda é novo” e espera que seja reconhecido por outros casais.
A doula explica que o serviço pode começar em qualquer período da gestação, entretanto, frisa a importância do casal procurar o trabalho o quanto antes “para que haja uma preparação, um apoio informacional para os pais que estão com o objetivo de realizarem o parto humanizado”. Ela diz que é preciso criar um vínculo para que o parto ocorra de maneira mais tranquila e, desta forma, procura manter encontros pessoais para tratar de vários temas relativos à preparação do parto e pós-parto.
Bebê a bordo
A estudante de Medicina, Leticia Bueno Podestá, 23 anos, está grávida de 36 semanas e espera ansiosamente para o nascimento do seu filho. Ela diz que pretende fazer o parto por cesariana devido à comodidade em relação à dor, entretanto, não descarta a possibilidade de realizar o parto normal. Leticia afirma que conhece os riscos que o parto normal oferece e diz que vai tentar evitar para não ter complicações no corpo. “Pensando a longo prazo, eu optei pela cesariana”, explica.
Para a jornalista Luci Castro, 30 anos, o parto normal era um desejo que ela tinha para o nascimento do primeiro filho. Ela conta que na 39ª semana de gestação, entrou em trabalho de parto, mas a não dilatação do canal vaginal impediu a realização do parto humanizado. “Meu obstetra resolveu que era melhor fazer a cirurgia, já que corria o risco de faltar oxigênio para o bebê”, finaliza.
SAIBA MAIS
A OMS divulgou uma lista com recomendações para garantir que as grávidas saudáveis tenham uma experiência positiva no parto natural. De acordo com o texto, a checagem da dilatação deve acontecer a cada quatro horas na primeira fase do parto, isso para mulheres com gravidez de baixo risco. Além disso, a organização pede que a anestesia peridural ou o uso de opioides sejam aplicados quando mulheres saudáveis pedirem esse tipo de intervenção. Para o alívio da dor, técnicas como relaxamento muscular, música ambiente, técnicas de respiração, massagem e aplicação de bolsas de água quente são indicadas. A organização frisa que isso tudo deve ser feito apenas a pedido da grávida e se o trabalho de parto estiver ocorrendo sem problemas, a mulher deve ser estimulada a caminhar e até a receber líquidos e alimentos.
NÚMERO DE PARTOS EM 2017 |
PARTO NORMAL |
PARTO CESÁRIO |
TOTAL |
TAXA DE CESARIANAS |
HR (HOSPITAL REGIONAL) |
559 |
481 |
740 |
65,00 |
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PP |
1 |
181 |
182 |
99,45 |
HOSPITAL E MATERNIDADE IAMADA |
26 |
957 |
983 |
97,36 |
TOTAL DOS HOSPITAIS |
586 |
1.619 |
1.905 |
84,99 |
Fonte: pesquisa realizada pela reportagem