85,4% dos alunos de 8 anos atingem nível alfabético

De fevereiro a junho, conforme levantamento da Seduc, grau de compreensão do sistema de escrita cresceu 7,2 pontos percentuais

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 23/09/2018
Horário 04:31
Marcos Sanches/Secom - Sondagem realizada em escolas da rede municipal de ensino de PP avalia nível de alfabetização
Marcos Sanches/Secom - Sondagem realizada em escolas da rede municipal de ensino de PP avalia nível de alfabetização

Na rede municipal de ensino de Presidente Prudente, 85,4% dos alunos do 3º ano concluíram o primeiro semestre de 2018 com domínio das principais convenções do sistema de escrita alfabético. É o que revela uma sondagem realizada em junho pela Seduc (Secretaria Municipal de Educação), junto a 1.995 crianças de 8 anos, a fim de diagnosticar o nível de estudantes aptos para distinguir letras, sílabas, palavras e produzir escritas simples. O índice representa um avanço de 7,2 pontos percentuais em relação a fevereiro, quando 78,2% de 1.980 estudantes avaliados eram enquadrados no nível alfabético.

De acordo com a titular da pasta, Sônia Maria Pelegrini, considerando os meses transcorridos até então, a estimativa é que 92% dos alunos já tenham atingido esse grau de compreensão sobre a escrita no mês de setembro. A secretaria ainda levanta que, desde o final do ano letivo de 2014 até o final de 2017, houve um avanço de 89,1% para 92,1% (três pontos percentuais) no 3º ano escolar.

Os resultados, divulgados de forma exclusiva a O Imparcial, fazem parte de um trabalho regular executado pela pasta, que, ao longo de cada ano, promove cinco sondagens com os alunos do 1º ao 5º ano das 31 escolas de ensino fundamental da rede municipal de ensino, objetivando constatar em qual nível de compreensão da escrita se encontram. Sônia aponta que o mais avançado é chamado de alfabético, quando, geralmente, as crianças também são capazes de ler pequenos textos.

6 e 7 anos

A sondagem ainda acompanha a evolução das séries anteriores. Quanto ao 1º ano escolar, dos 1.740 alunos (de 6 anos) participantes em fevereiro, 6,8% eram alfabéticos. O percentual saltou para 32,1% em junho, quando 1.791 foram consultados. Para setembro, a projeção é que 55% dominem tais conhecimentos básicos.

Em relação ao 2º ano, a primeira pesquisa envolveu 1.835 alunos (de 7 anos), entre os quais 62,4% eram alfabéticos. Em junho, 78,5% de 1.849 participantes alcançaram este nível. Atualmente, 88% teriam o atingido.

Na comparação entre o final de 2014 e o mesmo período de 2017, os índices passaram de 69,7% para 72,4% no 1º ano escolar; e de 85,5% para 87,6% no 2º ano escolar.

Fatores que afetam evolução

Embora os índices apontados possam ser considerados altos, há uma fatia do corpo discente que não demonstra os avanços esperados no processo de alfabetização. Conforme acompanhamento realizado pela secretaria junto aos orientadores pedagógicos das escolas, os fatores que podem justificar este cenário são o fato de uma parcela destes estudantes ser faltosa ou portadora de deficiência intelectual; e apresentar quadro psicoemocional delicado devido a fatores múltiplos que interferem, ainda que temporariamente, no desempenho escolar, ou mesmo fatores desconhecidos os quais têm sido constantemente averiguados.

É como se fosse uma engrenagem, em que cada dente corresponde a um ano de escolarização. Se o aluno não é bem preparado em uma das fases, este dente fica quebrado e todo o ciclo é comprometido

Onaide Schwartz Mendonça,

professora de metodologia da alfabetização da FCT/Unesp

Entre as ações realizadas para auxiliar essas crianças, a pasta destaca o uso, pelos professores alfabetizadores, de métodos alternativos e realização de atividades diferenciadas de acordo com os conhecimentos e necessidades dos estudantes; e a realização de aulas de reforço e acompanhamento pedagógico, nas quais os alunos com dificuldades são organizados em pequenas turmas e atendidos por um professor que prepara atividades adequadas às principais dificuldades do grupo.

Está prevista ainda a implantação do Pape (Programa de Apoio Pedagógico Especializado), como meta do Plano Municipal de Educação, que será iniciado em breve e envolve convênios e parcerias com o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) e Secretaria Municipal de Saúde. Juntos, formam uma equipe multissetorial composta por pedagogas, psicopedagogas, psicólogas, fonoaudiólogas, médicos e educadora de saúde. “Esse programa visa avaliar e acompanhar os alunos que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem e que não possuam avaliação de deficiência, seja ela de qualquer ordem”, esclarece.

Atenção à educação básica

A professora de metodologia da alfabetização da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), Onaide Schwartz Mendonça, foi quem propôs a aplicação deste método nas escolas prudentinas, a fim de diagnosticar o nível de compreensão da escrita pelos alunos. Ela conta que, antes da intervenção, os índices de aproveitamento das crianças em termos de alfabetização eram “muito baixos” e um grande número de alunos ingressava analfabeto ou semianalfabeto na rede estadual, o que, a seu ver, gera prejuízos em todas as etapas seguintes do sistema educacional. “É como se fosse uma engrenagem, em que cada dente corresponde a um ano de escolarização. Se o aluno não é bem preparado em uma das fases, este dente fica quebrado e todo o ciclo é comprometido”, ilustra.

Onaide acredita que seu método já tem surtido “efeitos positivos” nas avaliações de desempenho escolar das crianças, uma vez que o diagnóstico permite traçar ações voltadas a corrigir possíveis falhas na aprendizagem. “É preciso destinar uma atenção especial já aos primeiros anos da educação básica, justamente com o objetivo de evitar que esses estudantes cheguem defasados ao ensino médio e tenhamos resultados tão negativos quanto aqueles divulgados recentemente pelo Saeb [Sistema de Avaliação da Educação Básica]”, pontua.

 

NÍVEL DE ALUNOS ALFABÉTICOS NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Meses

1º ano

2º ano

3º ano

 

Fevereiro

 

6,8% de 1.740 alunos participantes

 

62,4% de 1.835 alunos participantes

 

78,2% de 1.980 alunos participantes

 

Abril

 

16% de 1.780 alunos participantes

 

72,1% de 1.850 alunos participantes

 

81,9% de 2.008 alunos participantes

 

Junho

 

32,1% de 1.791 alunos participantes

 

78,5% de 1.849 alunos participantes

 

85,4% de 1.995 alunos participantes

 

Estimativa de alunos alfabéticos

 

55%

 

88%

 

92%

Fonte: Seduc

 

 

 

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