35 jovens levam ação social a idosos da Vila da Fraternidade

Atividade, realizada ontem pela Fundação Mirim, proporcionou momentos de lazer, cultura e alegria, permitindo a troca de experiências entre os aprendizes e os atendidos no local

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 21/03/2018
Horário 11:13
José Reis | Jovens puderam compartilhar experiências e histórias de vida
José Reis | Jovens puderam compartilhar experiências e histórias de vida

De longe era possível ouvir uma música animada que tocava na sala de lazer da Vila Fraternidade, em Presidente Prudente. A grama verde que rodeia o local traz a sensação de paz e tranquilidade para quem convive naquele espaço, muitas vezes ignorado por uma parcela da sociedade. Na tarde de ontem, 35 adolescentes da Fundação Mirim realizaram uma visita aos idosos e promoveram a eles momentos de cultura, lazer e alegria. Com direito a bingo e um delicioso café da tarde, o evento foi organizado e desenvolvido pelos próprios aprendizes, que compartilharam experiências com os mais velhos.

De acordo com o instrutor da fundação, Rodrigo Stuchi, a atividade faz parte de uma aula teórica abordada pelos alunos. A fim de desenvolver o convívio em sociedade, o instrutor explica que propôs a ação social como uma forma “de trazer uma tarde diferente para os idosos, com muita alegria”. O professor conta que ao chegarem ao local, os moradores começaram a contar histórias e a compartilhar experiência com os alunos.

Para o instrutor Samuel Fernando, a acolhida por parte dos idosos foi visível. Desta forma, ele acredita que tanto os jovens, quanto os idosos podem crescer socialmente e atividades como essa “está em falta nas escolas. Na Fundação Mirim é diferente”.

O auxiliar administrativo Michael Douglas Costa, 17 anos, não escondia a felicidade enquanto fotografava os idosos. Ele afirma que o contato com esse público ajuda a crescer socialmente, além de conhecer diversas personalidades diferentes. “No início, eles ficaram acanhados com a recepção, mas logo se soltaram e compartilharam o conhecimento com a gente”, diz. Para Michael, as histórias ouvidas são comoventes e cabe a cada jovem tirar uma lição de vida delas. “Não sabemos como podemos estar nesta idade”, afirma.

No centro da sala de lazer, a estudante Bárbara Cristina de Oliveira, 17 anos, acariciava lentamente os cabelos curtos de uma senhora. Questionada sobre a experiência, ela esclarece que sempre acompanhou o cotidiano dos idosos em entidades e asilos, no entanto, lamenta que isso não seja feito pelos demais. “Tem uma senhora que a chamo de vó porque me acolheu muito bem. Já considero todos a minha segunda família”, expõe.

 

Troca de olhares

Enquanto compartilhava histórias com um jovem, o aposentado José Edvaldo Moraes, 87 anos, deu uma pausa no assunto para ser entrevistado pela nossa equipe. Com a voz atropelada devido à ansiedade, o senhor José conta que se sente importante quando recebe visitas “porque isso ajuda a gente a crescer”.

Na Vila há nove anos, o aposentado explica que na época em que mudou para lá, tinha uma namorada que viajou ao Nordeste e nunca mais voltou. “Não era para eu estar aqui. Sei que ela está em São Paulo [SP] e espero nosso encontro”, conta.

Há 14 anos, a aposentada Margarida Xavier da Costa, 81 anos, conseguiu abrigo na Vila da Fraternidade. A mineira, natural de Capelinha (MG), conta que visitou o local com uma colega e, por gostar do ambiente, pediu aos filhos uma autorização para ficar na Vila. Viúva há 32 anos, dona Margarida diz que é acostumada à rotina da roça e logo cedo, levanta para molhar as plantas e fazer as oficinas cedidas pelo lar.

Com os olhos lacrimejados, a aposentada explica que fica muito feliz quando recebe as visitas de fora porque gosta de conversar. “Eu tenho amigas aqui, mas os jovens me encantam”, afirma. Apegada à religião, dona Margarida conta que faz questão de dormir cedo “para agradecer a Deus pela vida que tenho”, finaliza.

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