22 presos de facção são transferidos a unidades federais

Pedido de transferência foi feito pelo MPE após descoberta de plano de resgate de membros; Marcola está entre os removidos

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 14/02/2019
Horário 04:02
José Reis - Detentos partiram em aviões da FAB, no Aeroporto Estadual de Presidente Prudente
José Reis - Detentos partiram em aviões da FAB, no Aeroporto Estadual de Presidente Prudente

Desde a madrugada de ontem, um forte esquema de segurança foi montado nas proximidades do Aeroporto Estadual de Presidente Prudente, devido à transferência de 22 membros da facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios paulistas. Eles estavam detidos na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira (P2) de Presidente Venceslau, sendo que sete deles – presos na Operação Echelon, estavam em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) em Presidente Bernardes. O pedido de transferência aos presídios federais foi feito pelo MPE (Ministério Público Estadual), por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em novembro do ano passado, depois da descoberta do plano para resgatar membros do grupo, presos na unidade regional. Segundo o órgão ministerial, o documento foi acatado pelo Poder Judiciário na semana passada.

De acordo com o Ministério Público Estadual, depois de aceita a decisão judicial foi necessário montar o esquema de segurança para que a transferência ocorresse. Tudo foi feito mediante sigilo, e as medidas cabíveis foram tomadas pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e Ministério da Justiça. A expectativa é de que os presos sejam transferidos aos presídios federais de Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF). Entre os transferidos está Marcos Hebas Camacho, o Marcola, considerado o principal líder da organização criminosa. Os demais nomes foram preservados pela Justiça por motivos de segurança.

Os detentos foram transferidos pela manhã em dois aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), que partiram do aeroporto de Prudente em direção aos presídios. O esquema de segurança contou com apoio do Exército Brasileiro, Polícia Federal, dois helicópteros da Polícia Militar, Tropa de Choque e interdições de rodovias pela Polícia Militar Rodoviária. No aeroporto, que foi fechado para a entrada e saída de pessoas, policiais do Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais) estavam fortemente armados.

Descoberta de plano

Em outubro do ano passado, foi informado por este diário um suposto plano de resgate de membros da facção criminosa na P2, que fez com que a segurança na cidade fosse reforçada. Na época, o juiz de Direito corregedor da unidade, Gabriel Medeiros, determinou o isolamento do aeroporto municipal, a fim de evitar um possível resgate de membros da facção criminosa. No local havia oficiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), GAC (Grupo de Artilharia de Campanha) e GOE (Grupo de Operações Especiais), somando 150 novos oficiais na cidade. Em novembro, agentes da Polícia Militar que atuam na segurança do perímetro da P2 receberam treinamentos reforçados com armas de guerra, após a descoberta do plano estimado em R$ 100 milhões para resgatar a facção.

Em 9 de novembro, a Justiça prorrogou o fechamento do aeroporto municipal e, no mesmo dia, promotores regionais se reuniram na sede do Ministério Público Estadual, em Prudente, onde participaram de um encontro junto ao procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Poggio Smanio. Entre os assuntos estava a segurança em Venceslau e a possível transferência dos membros a presídios federais.

Autoridades em risco

Enquanto o pedido era analisado pela Justiça, cartas interceptadas em presídios aumentaram a preocupação quanto à segurança de autoridades públicas. O mais recente foi divulgado no mês passado, quando agentes de segurança da Penitenciária de Junqueirópolis recolheram quatro cartas com ordens de execuções ao promotor de Justiça, Lincoln Gakyia, que combate há anos o crime organizado no Estado, e a Roberto Medina, coordenador da Croeste (Coordenadoria das Unidades Prisionais de Região Oeste do Estado). Ambos haviam sido citados em cartas recolhidas ainda em dezembro. Na última, presos mencionaram ainda Luiz Fernando Negrão Bizzoto, diretor da Penitenciária 2, e de Maurício Moreira Souza, diretor de Segurança e Disciplina da Penitenciária Zwinglio Ferreira, ambas de Venceslau.

Publicidade

Veja também