É preciso promover o amor mesmo em tempos de cólera

EDITORIAL -

Data 17/03/2019
Horário 04:10

2019 não tem sido um ano fácil. Embora estejamos apenas no terceiro mês, já vimos e acompanhamos casos e situações suficientes para lamentarmos durante o ano todo. Além de tragédias que ganharam os meios de comunicação, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), o incêndio no centro de treinamento do Flamengo e, mais recentemente, o massacre na escola de Suzano (SP), que vitimou 10 pessoas, entre estudantes e funcionários da unidade, há ainda os discursos de ódio e intolerância que diariamente encontram forças nas redes sociais.

Mais do que expressar uma opinião de fato, muitas publicações e comentários que aparecem em páginas da internet evidenciam a desinformação, preconceitos, despreparo e insensibilidade de seus autores. Ao fazê-las, o intuito destes usuários, na maioria das vezes, não é propor uma discussão construtiva, mas atacar, desonrar e diminuir a figura humana. Há até mesmo aqueles que, baseados em estereótipos e acusações sem fundamento, se tornam justiceiros e se sentem no direito de condenar alguém.

Um dos exemplos mais recentes é o caso de um jovem que foi estrangulado dentro de um supermercado no Rio de Janeiro. Mesmo sem qualquer propriedade para analisar os fatos, muitos assumiram que o adolescente “mereceu” ser morto, pois ameaçava a ordem do local. Nesta semana, foi divulgado pela imprensa que o segurança acusado de asfixiá-lo responderá por homicídio com dolo eventual (em que se assumiu o risco de matar) e que novas imagens comprovaram que o garoto não oferecia perigo.

É preciso mais do que nunca que as condições biológicas e geográficas de cada ser humano não sejam parâmetro para a tomada de conclusões precipitadas, equivocadas ou discriminantes. E nem que as preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias definam quem deve viver mais ou menos. Antes de se esconder atrás da tela para tecer comentários cruéis ou segregantes, é preciso lembrar que todos estamos amparados pela mesma Constituição e merecemos respeito incondicional. Aproveitemos o título da famosa obra de Gabriel García Márquez para defender neste editorial mais amor mesmo em tempos de cólera.

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