Só quem passa pelo problema ou tem algum familiar ou amigo à espera de um órgão para transplante sabe o drama que esta realidade representa. São milhares de pessoas com a vida por um fio, mas que não perdem a esperança de serem contempladas enquanto veem seus dias passarem em uma fila que parece interminável. Muitas não sabem o que significa qualidade de vida, seguem debilitadas em um leito de hospital, ou sem a possibilidade de fazer atividades tão simples para a maioria de nós, como se exercitar, comer sua refeição preferida ou frequentar os bancos escolares.
Infelizmente, a resistência dos familiares em autorizar a doação de órgãos de um ente querido que se foi é um dos principais entraves. Na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, por exemplo, estima-se que 50% das abordagens promovidas pela equipe sejam malsucedidas. Para que a doação ocorra, não basta somente que o paciente tenha ido a óbito, mas que seja constatada uma situação muito particular – a morte cerebral. Nessas circunstâncias, o corpo ainda funciona em perfeitas condições, mas as atividades do cérebro se tornaram inativas. Diante disso, muitos familiares acreditam que a pessoa tenha chance de se recuperar, e, assim, não autorizam a doação de seus órgãos.
Anteontem foi lembrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, data extremamente importante para que o assunto seja discutido no âmbito familiar e que mitos sejam descontruídos. É de suma importância que pais, mães, filhos, irmãos e avós deixem claro, em vida, a sua vontade em ajudar o próximo, quando sua existência se esvair deste plano. Somente desta forma, as famílias terão forças, em um momento tão difícil, como é o da despedida, para fazer prevalecer aquilo que o ente querido pediu em vida. É somente desta forma, que milhares de pessoas terão a chance de viver de maneira plena e com dignidade, sem ver seus dias passarem com as limitações decorrentes de um órgão que já não funciona mais.
