“Praticar esporte é o que mobiliza a longevidade das pessoas. Então, vai sem dúvida, sem medo de errar”

José Antonio do Amarante - MARATONISTA

Esportes - THIAGO MORELLO

Data 08/09/2019
Horário 05:58
Arquivo Pessoal - Aos 69 anos, José Antonio do Amarante soma 400 medalhas e 119 troféus em competições
Arquivo Pessoal - Aos 69 anos, José Antonio do Amarante soma 400 medalhas e 119 troféus em competições

O assunto não é matemática, mas alguns números devem ser apresentados: 69 anos idade, 51 deles correndo, 400 medalhas, 119 troféus, 42 km (quilômetros) e 195 m (metros) como distância máxima percorrida. E uma certeza: a vontade de continuar. O maratonista José Antonio do Amarante está prestes a completar 70 anos e só pensar em ser exemplo de vida. Até porque, pra ele, “praticar esporte é o que mobiliza a longevidade das pessoas”. Então a dica é: “ir sem dúvida e sem medo”. Nascido em Lages (SC), mas hoje em terras prudentinas, ele dividiu com a gente o início dessa trajetória, as conquistas e os sonhos que ainda possui.

O Imparcial: Pra começar, como foi que o senhor acabou se tornando um maratonista?

Olha, é uma história engraçada. Quando eu tinha 18 anos, eu servia ao Exército lá em Lages [SC], que é onde eu nasci. E na época, o irmão do meu comandante era sócio da marca Skol, que na época não era muito conhecida ainda [1968]. E num certo dia, ele disse que o pessoal queria fazer a cerveja ficar mais conhecida em Sant’Ana do Livramento [RS], onde a concorrência era mais forte. Estava prestas a ocorrer uma maratona na cidade, que ia até Rivera, no Uruguai, que é divisa. Então ele começou a fazer uma seleção com os próprios soldados do quartel, para alguém que pudesse representar a marca na corrida, com patrocínio, uma vez que a gente já treinava e corria bastante. Fizemos uns testes por 90 dias, até que sobraram só cinco e depois sobrou apenas eu. Então eu fui. E corri todo de amarelo, com a blusa da Skol, short da Skol, boné da Skol [sorri]. E ganhei. Foi algo que aconteceu sem pretensão alguma, mas que eu gostei, peguei gosto e, aí, já viu ‘né’, não parei mais.

E depois de 51 anos de prática, o que motiva a continuar?

É o que eu falo para aas outras pessoas da terceira idade: o esporte é tudo! O esporte é tudo para nós hoje. A saúde nossa depende do esporte. Se não praticar alguma atividade física, sua saúde vai ficar 50% diminuída. É importante! Correr, praticar esporte, é o que mobiliza a longevidade das pessoas. Então, vai sem dúvida, sem medo de errar. E isso é o que me motiva. Mas aí eu falo, gostar de esporte é uma coisa, praticar é outra. Eu acordo todo dos dias às 6h, tenho tudo cronometrado: 1h30 de pista, 6 km. O que me motiva? Continuar fazendo isso, melhorar minha saúde e ser exemplo.

Das conquistas que o senhor já teve, quais vocês destaca como memoráveis?

Acho que a primeira eu sempre vou mencionar. É só fechar os olhos que me lembro de tudo. Jamais esquecerei, 1968, 18 anos, primeira corrida e fui campeão, com direito a correr no Uruguai. Mas recentemente ganhei uma também em Fátima do Sul [MS]. Maratona ‘né’, então, 42 km e 195 m. Aos 69 anos? Me dá um orgulho. E outras duas em 2015, sendo que a primeira foi em março, em Lourdes [SP]. Corrida de interior, bem sofrida, sabe? Foram só 10 km, mas não tinha água no percurso para se hidratar. Foi complicado, mas ganhei também. E a Meia Maratona Internacional do Pantanal, em Campo Grande [MS], também conhecida como Volta das Nações, que foi uma das provas internacionais que já disputei.

Em meio a tantas vitórias, o que mais o senhor almeja alcançar, que seria inédito na sua carreira?

Desde a primeira vez que corri a Corrida do Reis, em Cuiabá [MT], eu me apaixonei e vou todos os anos. Mas nunca ganhei. Voltei outras vezes, mas também não ganhei. Então, é como um desafio pra mim. E claro, a corrida de São Silvestre, em São Paulo [SP]. Eu até me emociono em falar. Todas as vezes que me inscrevi eu não pude ir, pois tinha outro compromisso. Mas eu ainda vou. Quero tentar até os 72 anos. É uma meta pra mim. E seria uma felicidade realizar esse sonho.

O tempo não para e a gente não tem controle. E como o senhor lida com a idade, com o passar dos anos?

Primeiro: eu me comporto muito bem. Como te falei, eu durmo mais cedo. Evito álcool. Cigarro jamais. Eu também tenho uma sobrinha formada em Educação Física, que faz esse acompanhamento comigo. Ela mora no sul do país, mas a gente se comunica. A gente mantém esse contato e ela vai me ajudando. Ela me liga: “Tio, vai correr quando? Qual? Como vai ser? Ah, então tem que fazer isso, comer isso”. E sempre 90 dias ante da corrida. Mas é isso, conforme a idade vai avançando, a gente tem que fazer de acordo com a capacidade do corpo. Mas manter um bom desempenho auxilia.

Esse sentimento de correr e continuar em frente, o que ele representa para o senhor?

Eu quero incentivar as pessoas. Sabe aquele alguém que está em dúvida se vai pra pista ou não? Eu quero ajudá-lo. Eu quero convidá-lo a vir, a ganhar medalhas, troféus e ver a felicidade em passar por isso. Porque é muito bom e é o que sinto. Eu quero incentivar as pessoas. Vamos praticar? Vamos. Eu amo isso e quero ser exemplo.

 

 

 

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