“País tem matado a militância a cada dia”, analisa sociólogo de Prudente

Para Wilson de Luces, a luta da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro, estava ligada à violência contra a mulher e os negros e que as bandeiras levantadas por ela podem estar condicionadas ao assassinato

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 16/03/2018
Horário 11:46

A morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro, foi motivo de manifestações no centro do Rio de Janeiro ontem, quando amigos, ativistas e companheiros de política se reuniram em frente à Câmara Municipal. Para o sociólogo, Wilson de Luces, a luta da vereadora estava ligada à violência contra a mulher e os negros e que as bandeiras levantadas por ela podem estar ligadas ao assassinato.

Ainda segundo o sociólogo, Marielle era uma personalidade forte na polícia, que confrontava a raiz da violência, e que, segundo ele, não está na pobreza, mas no que o Estado deixa de oferecer. “Ela era uma militante assertiva e a morte dela pode estar ligada a algum tipo de represália. Isso mostra que o Brasil tem matado a militância a cada dia que passa, mas sabemos que ela morreu fazendo aquilo que era seu papel, ouvindo a população”, salienta.

Sobre a importância das bandeiras levantadas pela vereadora, Wilson declara que os movimentos sociais são de “extrema importância”, uma vez que são as novas representações para a população que, de certa forma, perdeu a confiança em partidos políticos.

Por falar em bandeiras, a reportagem entrevistou a estudante e integrante do coletivo Quilombo de Dandara, Aline Gonçalves Marcelino, de 25 anos. Segundo ela, o movimento cultural independente luta e defender as questões ligadas aos negros, mas também às mulheres, além de combater qualquer tipo de preconceito e discriminação. Questionada sobre sua visão em relação à morte da vereadora, Aline esclarece que àqueles que lutam por uma sociedade mais justa, que acusam as falhas do sistema e se posicionam a favor da minoria, normalmente, incomodam. “A situação é que querem silenciar quem tem voz ativa, quem tem o poder de abrir o olho da sociedade perante a situação do país”, afirma.

Já a publicitária e ativista do movimento feminista, Bárbara Clé, diz que a população precisa ter “mais senso” crítico e perceber o perigo do momento em que o Brasil vive. Sobre a morte de Marielle, a publicitária acredita que tratar-se de uma execução encomendada, por alguém incomodado com as convicções da vítima. “Um motivo claro dessa execução é o envolvimento dela com lutas e pautas políticas que desafiam o atual governo, a configuração da polícia e a mente de grande parte dos brasileiros que estão no poder ou o financiam. Ela era uma mulher que veio da favela, era mãe, negra, lésbica, feminista, militante, enfim. Ela incomodava muito”.

Por fim, Bárbara deixa um apelo ao dizer que, o assassinato seja esquecido ou atribuído a uma tentativa de assalto.

Publicidade

Veja também