“Multiplicar e fortalecer o uso do cão-guia”

Daniel Monteiro é deficiente visual e atuante na defesa dos direitos daqueles que possuem deficiências; ele pretende divulgar em Prudente essa alternativa de mobilidade

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 07/01/2020
Horário 08:19
Isadora Crivelli - Daniel, com apoio da Prefeitura, representada pelo vice-prefeito, Douglas Kato, pretende fortalecer o uso do cão-guia em Prudente
Isadora Crivelli - Daniel, com apoio da Prefeitura, representada pelo vice-prefeito, Douglas Kato, pretende fortalecer o uso do cão-guia em Prudente

Conversou com a reportagem, na manhã de segunda-feira, o funcionário do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Daniel Monteiro. Haja vista, entretanto, que ele ser funcionário do INSS só importa para esta matéria quando é informado que ele, no momento, tenta ser transferido de São Paulo para Presidente Prudente, de onde é sua esposa. Ambos são deficientes visuais. Daniel, inclusive, atuou pela Coordenadoria da Pessoa com Deficiência de Santos (SP) e pela Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência.

Em Prudente, cidade onde agora pretender viver, trouxe consigo a fiel companheira, a cadela Angel, de sete anos. Angel, desde 2014, é cão-guia de Daniel. Ele a trouxe dos Estados Unidos. “Existem no Brasil escolas de cão-guia, mas na época do meu primeiro cão [2005], foi mais fácil buscar no exterior que no país”, pontua.

Daniel Monteiro tem um objetivo em Presidente Prudente: Multiplicar e fortalecer o uso do cão-guia. Na capital do oeste paulista, antes da vinda de Daniel, não havia nenhum outro deficiente visual que utilizasse na cidade o cão-guia. “É uma alternativa de mobilidade para as pessoas com deficiência visual, a cidade precisa conhecer”, destaca.

Daniel lembra ainda, que o cão-guia, depois de ser devidamente treinado, desde o nascimento, pode frequentar qualquer local de uso coletivo, como um lanche, restaurante e até os meios de transporte, seja o transporte individual (táxis, Ubers, 99s e afins), ou o coletivo. Para isso, o dono do animal, assim como faz Daniel, deve sempre portar importantes documentos do cão-guia: carteira de vacinação, uma espécie de RG do animal, o certificado de treinamentos, além de estar utilizando equipamentos como o arreio.

“Pretendo fazer esse diálogo com os serviços de Prudente”, revela Daniel Monteiro. Ele quer conversar, conscientizar as empresas de transporte e mostrar aos deficientes da região essa possibilidade pouco explorada. O vice-prefeito de Presidente Prudente, Douglas Kato Pauluzi (PTB), amigo de Daniel, demonstrou grande alegria em recebê-lo, primeiro para uma boa conversa, depois definitivamente na cidade. “O Daniel veio para somar, sempre tem mandado boas ideias para nós, tentando transferir para Prudente boas experiências realizadas em Santos”, salienta Kato.

Praticamente todas essas questões legais que se relacionam aos cães-guias são regulamentadas por leis federais. Douglas, porém, apresentou uma lei municipal aprovada em 2005, de autoria do ex-vereador José Caetano Silva, que autoriza a permanência dos cães em repartições públicas ou privadas, bem como no transporte coletivo municipal e em todo e qualquer estabelecimento comercial, industrial, serviços e afins.

COMO TER

UM CÃO-GUIA?

Daniel concorda com a dificuldade encontrada na região para que os deficientes visuais possam ter a oportunidade de utilizar essa alternativa. Ele descreve um caminho possível para que este desejo possa se concretizar. “Quem quiser ter um cão-guia, primeiro precisa estar pronto para usar bengala, para conhecer as ruas, ou seja, para ter autonomia e segurança. Depois deve se inscrever em uma escola de cães-guia, existem, no Brasil, filas grandes, e não por ‘ordem de chegada’, mas é necessário ter um cão próprio, com suas características”, aponta o especialista.

Ter um cão próprio significa ter um animal que conheça as particularidades de sua rotina, é preciso um cão que conheça os costumes rurais caso o dono resida no sítio, explica.

A maioria das escolas não cobra ao usuário final, mas Daniel antecipa que a cobrança não é proibida. Entre as escolas brasileiras ele aponta o Instituto Magnus em Salto de Pirapora (SP) e Instituto Federal Catarinense e Escola Helen Keller, em Balneário Camboriú (SC).

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