"Interessados" devem se unir para solucionar problema com resíduos

EDITORIAL -

Data 13/01/2018
Horário 13:11

Mais uma vez a pauta da destinação de resíduos sólidos ocupa as páginas desde diário, por um aspecto negativo do descaso e descumprimento da legislação ambiental. Um caos se instaurou no segmento da construção civil esta semana quando a Prudenco (Companhia Prudentina de Desenvolvimento) suspendeu o despejo irregular de RCD (Resíduos de Construção, Demolição) no lixão de Presidente Prudente, que está em processo de encerramento.

A ONG (organização não-governamental) Green Building Concil Brasil, por sua vez, revelou que a construção civil produz um terço dos gases lançados na atmosfera em todo o mundo – os quais, sabidamente, são responsáveis pelo chamado “efeito estufa” – configurando-se como um dos setores que mais polui o planeta. Deveria ser interesse do poder público o cumprimento dessas medidas, haja vista que defende interesses coletivos – ao menos em teoria – e a iniciativa privada, por sua vez, já deveria ter plena consciência de sua responsabilidade neste processo, em um mundo globalizado e voltado para temas como sustentabilidade.

Uma possibilidade de se resolver o imbróglio é incentivar e auxiliar a implantação de cooperativas para reciclagem de resíduos da construção, gerando emprego e renda, além de viabilizar uma solução ambiental. Esse tipo de “lixo” é composto geralmente por recursos minerais, capazes de serem reciclados e reutilizados em pavimentação, ou até na construção de casas. Isso não só traria benefícios à natureza e à qualidade de vida da população como reduziria a perda dos recursos naturais, que são finitos, encontrando formas de reutilizá-los. De acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o país perde cerca de R$ 8 bilhões por ano com a falta de reciclagem.

Conforme bem lembrou o Ministério Público na matéria publicada hoje em O Imparcial, o grande problema é que as chamadas “partes interessadas” (Prefeitura e empresários do setor) não parecem estar nem um pouco interessadas, verdadeiramente, em encontrar uma solução. Há anos, mesmo sendo irregular, o RCD vinham sendo lançado indiscriminadamente no lixão, que não possui área específica para esse fim, não só descumprindo a legislação ambiental, mas também impactando o meio ambiente. É importante ressaltar que a disposição irregular o RCD é resultado de um sistema de inércia, tanto do Executivo, que não fiscaliza e pune corretamente tal ação, quanto da população que já se conformou com essa realidade, aceitando-a. Soluções como cooperativas de reciclagem são interessantes, mas paliativas se uma conscientização verdadeira não passar a permear o tecido social, no que tange a este assunto.

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