Comissão propõe medidas contra pombos na Monsenhor Sarrion

Semea avalia que, das 157 plantas existentes, 39 servem de pouso às aves; neste fim de semana, 12 serão erradicadas e, em seguida, substituídas por palmeiras

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 09/05/2019
Horário 04:00
José Reis - Proposta é a erradicação de 12 árvores existentes na praça que servem de poleiro às aves
José Reis - Proposta é a erradicação de 12 árvores existentes na praça que servem de poleiro às aves

Ontem, durante encontro de autoridades na Praça Monsenhor Sarrion, onde está localizada a Catedral de São Sebastião, no centro de Presidente Prudente, o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) anunciou a substituição de 12 árvores existentes no local por palmeiras. A medida será tomada, uma vez que estas espécies têm servido de pouso para uma grande quantidade de pombos e, com a troca, a tentativa é que haja a migração. O volume de fezes das aves, no chão da praça, bancos e pontos de ônibus tem exposto a população a riscos de doenças, como criptococose, ornitose, alergias, histoplasmose, dermatites e salmonelose.

Na visita técnica estiveram presentes representantes da Semea (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), do MPE (Ministério Público Estadual) e da Diocese de Presidente Prudente. Uma análise da pasta revelou a existência de 157 plantas no espaço. Destas, 39 servem de pouso para as aves, das quais 12 serão erradicadas, entre oitis e sibipirunas. Os trabalhos de corte já iniciam neste fim de semana, uma vez que a Prefeitura mediou um acordo entre a Mitra Diocesana e a construtora Pacaembu para que, na próxima semana, a praça já receba obras de revitalização. O plantio das palmeiras acontece após a erradicação.

De acordo com o geólogo e coordenador de Políticas Ambientais da Semea, Marcos Norberto Boin, na praça existem várias espécies de árvores, mas foi notado que as que mais propiciam a criação de “poleiros” ou que tenham estruturas que favorecem o pouso e a permanência das aves, são as oitis e sibipirunas, a qual estão relacionadas ao grande volume de excrementos dos pombos. Quanto à substituição por palmeira, Marcos explica que é devido à sua estrutura, a qual as aves não conseguirão se apoiar nas folhas ou mesmo realizarem instalações e ninhos.

O secretário municipal do Meio Ambiente Wilson Portella Rodrigues, relata que, na semana passada, foi realizada a poda das árvores que estavam sobre os pontos de ônibus e espaços públicos de maior circulação. Segundo ele, a medida deu “uma melhorada”, mas concentrou as aves no que sobrou de copas, principalmente nas da espécie oiti. “Assim, faremos a erradicação dessas árvores, sobretudo nos espaços de acesso pela população, como nos pontos de ônibus. Com isso, esperamos que diminuam ativamente as fezes dos pássaros nestas estruturas,” afirma.

Execução

De acordo com o prefeito, após a erradicação das árvores, será feita uma análise do comportamento das aves neste período e, em uma segunda etapa, de acordo com o resultado do estudo, erradicar mais espécies. “Às árvores que permanecerem após esta primeira etapa, recebem uma poda mais fina, ou seja, todos aqueles galhos com poleiros serão eliminados. Além disso, haverá a retirada de alguns bancos que estão em áreas com grandes concentrações de aves e excrementos” explica.

De acordo com o monsenhor José Antônio de Lima, a revitalização é positiva, pois, além da catedral, existem também pontos de ônibus que são importantes para a população. “As pessoas passam por aqui e se sentem incomodadas com o mau cheiro, porque há um acúmulo de excrementos de pombos que pernoitam”.

Para sanar o problema, o monsenhor explica que o que possibilita a intervenção é o projeto de revitalização em comum acordo entre Prefeitura, MPE e Mitra, que, embora haja consenso na efetivação das medidas, demanda reuniões para definição de pontos. “A praça não vai mudar sua estrutura”, garante o monsenhor. Ele diz que haverá a captação de recursos para execução das mudanças necessárias e que há o apoio do poder público.

 

MAIOR QUANTIDADE

Ave predominante no espaço é a margozinha

WEVERSON NASCIMENTO
Da Reportagem Local

O biólogo da Semea (Secretaria de Meio Ambiente), André Gonçalves Vieira, 38 anos, explica que, na Praça Monsenhor Sarrion, em Presidente Prudente, há diversas espécies de aves, mas a espécie nativa “margozinha” é a que mais causa impacto devido à grande quantidade. Segundo ele, há uma “superpopulação” no período noturno, no de repouso, por questão de segurança, abrigo, comodidade e alimentação. “E, neste período do ano, se acentua a presença de pássaros devido à revoada de andorinhas que migram do hemisfério norte para o sul, para fugirem da corrente de frio”, explica.

Os pombos-domésticos, que foram introduzidos no país pelos portugueses e serviam de pombo-correio também é uma espécie presente e “mais amistosa”, que transita tranquilamente entre a população.

Com a medida de substituição das 12 árvores por palmeiras, na tentativa de migração, o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) salienta que não deve ocorrer uma transferência de morada dos pombos para um único espaço, mas uma dispersão, o que é desejo da comissão. “Queremos desconcentrar os pombos aqui da praça e esperamos que eles não se concentrem unicamente em um lugar, mas não temos como controlar isso. Então, análises serão feitas depois das medidas tomadas”, destaca.

Ainda, de acordo o chefe do Executivo, “talvez” a dispersão seja tamanha e elimine, por vez a problemática. Entretanto, caso a migração seja acentuada a um novo local, a comissão adotará medidas para uma nova solução.

O promotor de Justiça do Meio Ambiente e de Habitação e Urbanismo, Jurandir José dos Santos, esteve no local e informou que aguarda uma análise do parecer da Semea, por técnicos do MPE e que hoje, às 10h, irá à Câmara Municipal participar da audiência sobre o tema, onde fará o parecer com base no que for apresentado.


CONVOCAÇÃO

Reunião debate hoje medidas e soluções

WEVERSON NASCIMENTO
Da Reportagem Local

Conforme noticiou este periódico, hoje, às 10h, ocorre uma reunião pública que discutirá o Requerimento 7.888/2017, no plenário da casa de leis de Presidente Prudente. De autoria do presidente da Câmara Municipal, Demerson Dias, Demerson da Saúde (PSB), o documento visa encontrar soluções para o acúmulo de fezes de pombos na Praça Monsenhor Sarrion, no centro da cidade.

O prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB), “crê” que outras ideias e sugestões podem surgir nesta reunião. “A nossa equipe avaliará se é possível ou não, do ponto de vista técnico e jurídico. Mas caso haja uma nova sugestão, que seja aprovada pela nossa comissão, nós iremos implantar, sim”, diz.

No texto do documento, o autor Demerson Dias destaca - dentre outros pontos - as “diversas” ações realizadas pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Prudente, cuja intenção não era matar os pássaros, mas “sim diminuir a quantidade de aves no quadrilátero central da cidade, haja vista que o acúmulo de fezes dos mesmos podem resultar em doenças como criptococose, ornitose, alergias, histoplasmose, dermatites e salmonelose”, devido à capacidade de morte por estas patologias.

É valido ressaltar que em 2014 foi proposta a Lei Municipal 8.578/2014, que “proíbe a alimentação de pombos em calçadas, vias, praças, prédios e demais locais de acesso público na zona urbana de Presidente Prudente e estabelece penalidades”, e foi devidamente promulgada pelo Executivo em 7 de julho de 2014. O descumprimento gera advertência, seguido de multa no valor de R$ 150 UFMs (Unidades Fiscais do Município) e apreensão do material, nos casos de reincidência.

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