Ócio criativo

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 31/03/2020
Horário 04:15

Ficar em casa em fase de suspensão das aulas e do trabalho não é fácil para nós ocidentais que não aprendemos valorizar o ócio criativo. Ócio, palavra grega skole - significa liberação da criatividade, mas essa conquista não nos é muito fácil. Esse vocábulo quase esquecido retornou à nossa cultura com o sociólogo Domenico de Masiele. Este considera que a falta do ócio criativo conduz a bloqueios que impedem sentir aquilo que se faz e que não se faz como fonte de “realização”.

Antes da tecnologia digital, não havia democracia do conhecimento. Hoje o conhecimento está na palma das nossas mãos. Então, leitor, nada de estresse por ficar em casa, afinal despojamos da correria e  podemos ter desfrute nesta quarentena sem medo de ser feliz. Em casa, podemos cuidar melhor dos nossos quintais, das flores, ler um bom livro, também assistir a palestras dos melhores filósofos contemporâneos; desfoca e faz bem pra alma.

Sugestões: clique em Dulce Helena Galvão, filósofa cujas palestras são excelência, e nos faz muito bem. Daniel Kaltenbaki, ele conecta princípios da física quântica com espiritualidade - é muito especial. Há outros também, como Mário Cortella, Monja Coen, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé. São palestras que desconectam da rotina e ampliam horizontes. Importante: são gratuitas.

Ainda, se você tem interesse em ciências exatas e outras, é só clicar no Google que encontra o que deseja. E se quiser aprender gramática brincando, clique em linguabrasileira.net, após aulas complementares: “gramática aberta” – muito lúdica. Tudo sem pagar nada e que pode tornar a quarentena proveitosa. O conhecimento prazeroso oferece leveza e pensar no que não foi pensado. Enquanto escolas isentam o saber e outras constituem fardos pesados aos alunos, o ensino virtual passa a ocupar o espaço que deveria ser principalmente das escolas.

O “ócio-preguiça” é alienante, mas o ócio criativo acalenta, é desfrute. Somos resultados do que aprendemos, e também dos cafés que desfrutamos, dos atos que praticamos, das pessoas que amamos. Temos novos deveres, mas temos também direito à vida digna que propicia nascer novos horizontes e novos valores humanos em cada um de nós e coletividade. Depois desta fase, o mundo nunca mais será o mesmo. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa)

 

 

 

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