Exterior

Netanyahu é indiciado por corrupção e fraude

  • 21/11/2019 22:31
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na mais grave crise da carreira política do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, o procurador-geral o indiciou por corrupção, recebimento de propina, fraude e quebra de confiança. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (21). É a primeira vez que um premiê israelense é indiciado no exercício do cargo. E Netanyahu disse que não vai renunciar. "Esta é uma tentativa de golpe baseada em invenções e em uma investigação parcial e corrupta." Seu principal adversário político, Benny Gantz, rechaçou as declarações. "Não há nenhum golpe em Israel, apenas uma tentativa de [Netanyahu] se manter no poder." O primeiro-ministro é alvo de três investigações. A primeira apura se ele teria concedido benefícios no valor de US$ 500 milhões (R$ 2,1 bilhões) à empresa de telecomunicações Bezeq, a maior do país, em troca de uma cobertura favorável de seu governo no site de notícias Walla, de propriedade do ex-presidente da companhia. Nos outros dois casos, ele é acusado de aceitar presentes de bilionários, como charutos e bebidas, que somam US$ 264 mil (R$ 1,1 milhão), e de oferecer vantagens ao jornal Yedioth Ahronoth, o mais vendido em Israel, também em troca de uma cobertura positiva de seu governo. Netanyahu nega todas as acusações e afirma ser vítima de uma "caça às bruxas", termo também usado por um de seus aliados, o presidente Donald Trump, para se referir à oposição democrata nos Estados Unidos. Ele não é obrigado a renunciar enquanto está sendo processado, mas precisará deixar o cargo se for condenado. Primeiro-ministro desde 2009, Binyamin Netanyahu, 70, também exerceu a função entre 1996 e 1999. Na última década, ele dominou a política israelense e foi o principal responsável pela virada à direita do país. Uma possível condenação pode levar meses, segundo o jornal Times of Israel. O premiê pode pedir ao Parlamento que lhe conceda imunidade para o processo, mas o comitê responsável por analisar esse pedido está atualmente sem membros. Sua recomposição depende da formação de um novo governo --o que está no centro da crise política atual no país. Israel se encaminha para a terceira eleição no período de um ano porque o Likud, partido de Netanyahu, foi o mais votado nas eleições de outubro, mas não conseguiu obter apoio para formar governo. E seu rival, Benny Gantz, também falhou na tarefa. A decisão pelo indiciamento veio após uma série de audiências entre promotores e advogados do atual primeiro-ministro, realizadas em outubro. As conversas não convenceram os investigadores da inocência do premiê. A notícia foi bem recebida pelos palestinos. Abu Youssef, oficial da Organização para Libertação da Palestina, afirmou que Netanyahu passou anos "lançando guerras contra o povo palestino" para aumentar sua popularidade e evitar a abertura desse processo. Em sua campanha, Netanyahu destacou a proximidade com Trump. Ele obteve conquistas como o reconhecimento da soberania israelense sobre as Colinas de Golã e a mudança de posição do governo americano sobre os assentamentos israelenses na Cisjordânia. Antes criticados, eles passaram a ser vistos como legais por Washington. Netanyahu também se aproximou do presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O israelense veio ao Brasil para a posse, em janeiro, e depois recebeu Bolsonaro em Jerusalém para uma visita. Bolsonaro prometeu mover a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém (como fez Trump), gesto que agrada a Netanyahu e a parte dos evangélicos brasileiros. No entanto, o governo recuou após pressão de países árabes, que são grandes importadores de carne brasileira. Antes do atual premiê, outro ocupante do cargo foi processado por corrupção: Ehud Olmert foi condenado e cumpriu 16 meses de prisão, mas ele renunciou ao cargo antes de ser indiciado, em 2008.