Cotidiano

Grupo católico em Guarulhos usa religião para promover cultura afro

  • 14/10/2019 02:40
  • GLEISSIELI SOUZA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quem passa pela rua Dom Pedro 2º, no centro de Guarulhos, na Grande São Paulo, pode não notar uma pintura no chão que marca a antiga localização da Igreja do Rosário dos Homens Pretos e São Benedito. Erguida no século 18, ela foi demolida para a construção da via e é um dos poucos resquícios da história dos povos escravizados na região. No entanto, desde o ano passado, a recuperação deste histórico tem sido retomada pela igreja católica do município. “Nosso objetivo é sensibilizar a Igreja e a sociedade em relação às questões afro-brasileiras, para vivermos em um país mais justo para todos os povos”, conta Francis Vieira, 37, coordenador paroquial e diocesano da pastoral-afro guarulhense. A pastoral foi oficializada em 2018, ano em que passou a integrar o calendário oficial da Diocese da cidade. “Até a oficialização, os grupos de base agiam na “clandestinidade”, pois nossas atividades não eram reconhecidas pela diocese”, diz Orlando Junior, 37, um dos membros da pastoral. Agora, a meta é articular mais atividades “para ganhar força e voltar com outros grupos que estão inativos, e com o tempo promover oficinas que exaltem elementos da cultura afro, como o artesanato”, afirma. Dentro da igreja, as pastorais tiveram início em 1988, quando foi criada a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica. O objetivo era chamar a atenção para as demandas do povo negro (discriminação, preconceito e desigualdade) dentro da instituição e na sociedade. Atualmente, elas estão espalhadas pelo país e têm o objetivo de promover a valorização de elementos da cultura de origem africana, ao mesmo tempo em que mantêm tradições vivas. Na capital, por exemplo, é o caso da pastoral criada na Paróquia da Achiropita, tradicional bairro italiano, mas que possui raízes africanas. CELEBRAÇÕES EM GUARULHOS Nos dias de hoje, a unidade da pastoral-afro da cidade é dividida em quatro grupos, localizados nas paróquias dos bairros de Cidade Seródio, Vila Carmela, Jardim Paraventi e Pimentas. O padre Valdocir Aparecido Rafael, mais conhecido como padre Black, é o assessor diocesano. Ele foi responsável pela formação do grupo-base da pastoral depois de participar da Campanha da Fraternidade, na década de 1980. Agora, a meta é articular mais atividades “para ganhar força e voltar com outros grupos que estão inativos, e com o tempo promover oficinas que exaltem elementos da cultura afro, como o artesanato”, afirma. Dentro da igreja, as pastorais tiveram início em 1988, quando foi criada a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica. O objetivo era chamar a atenção para as demandas do povo negro (discriminação, preconceito e desigualdade) dentro da instituição e na sociedade. Atualmente, elas estão espalhadas pelo país e têm o objetivo de promover a valorização de elementos da cultura de origem africana, ao mesmo tempo em que mantêm tradições vivas. Na capital, por exemplo, é o caso da pastoral criada na Paróquia da Achiropita, tradicional bairro italiano, mas que possui raízes africanas. CELEBRAÇÕES EM GUARULHOS Nos dias de hoje, a unidade da pastoral-afro da cidade é dividida em quatro grupos, localizados nas paróquias dos bairros de Cidade Seródio, Vila Carmela, Jardim Paraventi e Pimentas. O padre Valdocir Aparecido Rafael, mais conhecido como padre Black, é o assessor diocesano. Ele foi responsável pela formação do grupo-base da pastoral depois de participar da Campanha da Fraternidade, na década de 1980. Outra diferença é que no ofertório há a entrega de alimentos, como frutas e pães, que depois de abençoados são partilhados com a comunidade ao fim da celebração. Em ocasiões especiais, as missas também contam com a presença de congadas. A pastoral guarulhense celebra mensalmente duas missas inculturadas fixas: na segunda sexta-feira de cada mês, na capela Santa Edwiges, no Jardim Paraventi; e no dia 5 de cada mês, na Igreja de N.S. do Rosário dos Homens Pretos e São Benedito, no Centro. Em novembro, mês da Consciência Negra, há diversas atividades especiais para celebrar a memória do povo negro, como romarias, missas, e kizombas. “Mesmo antes da oficialização, desde 1996 nosso grupo faz uma romaria para a basílica de Nossa Senhora Aparecida, sempre no primeiro sábado de novembro, onde abre os festejos do mês”, conta Francis. “Vale lembrar, que nossa missão de discípulos e batizados é sempre levar amor de Cristo a todos, sem exclusão.” *Gleissieli Souza é correspondente de Guarulhos