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Exterior
Ex-presidente da Argentina consegue emprego na Fundação Fifa
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quase dois meses após deixar a presidência da Argentina, Mauricio Macri tem um novo emprego. Ele foi anunciado nesta terça (28) como mandatário da Fundação Fifa. O político deixou a Casa Rosada em 10 de dezembro, quando o eleito Aníbal Fernández tomou posse.
Criada em março de 2018, a fundação é uma ONG mantida pela Fifa. Segundo o site da entidade que comanda o futebol, "tem a missão de promover mudanças sociais". O chefe executivo é o ex-atacante Youri Djorkaeff, campeão mundial com a seleção francesa em 1998. O foco primário é promover a educação. A intenção declarada é conseguir, com a ajuda de patrocinadores, US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4 bilhões) para investir em programas educacionais.
Macri presidiu a Argentina entre 2015 e 2019. Antes disso, foi prefeito de Buenos Aires. Mas a fonte do seu poder sempre teve como base o futebol. Ele comandou o Boca Juniors, clube mais popular do país, entre 1995 e 2007, o período mais vencedor da história da equipe. Foi a credencial que usou para entrar na política. Ele até hoje é influente na agremiação.
O período como dirigente fez com que mantivesse contato com poderosos no esporte. Ele é amigo de Gianni Infantino, presidente da Fifa, da mesma forma que era do antecessor, o suíço Joseph Blatter, envolvido em escândalos de corrupção.
O emir do Qatar, xeque Tamim bin Hamad bin Khalifa Al Thani fez investimentos na Argentina influenciado por Macri e o convidou para ir a Doha ver a final do Mundial de Clubes do ano passado, entre Flamengo e Liverpool (ING).
A escolha não foi recebida entre os dirigentes esportivos. A AFA [Associação de Futebol Argentino) divulgou nota afirmando estar surpresa com a indicação. "[A escolha] está longe da vontade desta associação e assumimos por isso nosso dever de julgá-la como inapropriada".
Apesar de sua ligação com o mundo da bola, Macri passou boa parte do seu período na presidência às turras com os clubes. Não tem boa relação com Claudio Tapia, presidente da AFA, e uma de suas primeiras medidas depois de assumir a Presidência foi acabar com o "Fútbol para Todos" (Futebol para Todos, em espanhol), política governamental em que o Estado comprava os direitos de transmissão dos jogos dos torneios nacionais e os distribuía para a TV pública e outras emissoras amigas do regime da família Kirchner que o antecedeu no cargo.
"É lamentável que o presidente que nos deixou com uma dívida quase impagável, mais de 50% de pobreza... Inimigo das sociedades civis no futebol... e responsável dos últimos 4 anos da condução que temos no futebol argentino tenha sido nomeado para a Fundação Fifa", escreveu no Twitter o presidente do River Plate, Rodolfo D'Onofrio.
"Mauricio é o nome perfeito para liderar esse projeto que almeja em usar o futebol para beneficiar a sociedade. Como líder de uma nação importante, ele sabe o papel central que a educação terá no futuro das nossas sociedades e tendo presidido um dos mais vencedores clubes do mundo, ele conhece bem o poder único do nosso esporte e a inigualável paixão que inspira", disse Infantino, por meio de sua assessoria de imprensa.
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