Cotidiano

Com queda de 11% nos blocos autorizados, Rio não fará repressão aos clandestinos, diz Prefeitura

  • 12/02/2020 14:18
  • ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Os blocos clandestinos, que todo ano levam milhares às ruas cariocas, não serão tolerados neste ano, mas não haverá repressão policial a eles, só multa posterior, segundo a Prefeitura do Rio.  As autoridades deram aval a 441 cortejos, de 387 grupos (alguns desfilam mais de uma vez). É tradição local, contudo, a saída de vários deles, de forma espontânea ou planejada, sem autorização oficial.  Caso do Boitolo, que atrai uma multidão para o centro da cidade no domingo carnavalesco. Alguns se definem como "secretos", por só informarem ponto de partida, horário e dia às vésperas do evento. Segundo o secretário municipal de Eventos, Felipe Michel, as sanções serão sobretudo financeiras e calculadas, por exemplo, a partir da quantidade de lixo retirado pela Comlurb, a agência pública responsável pela coleta no Rio. As multas começam em R$ 1.300. O secretário disse à reportagem que o setor de inteligência da Prefeitura já está mapeando quem pretende pôr o bloco na rua sem o ok deles. Será um "Carnaval de paz, sem repressão, mas que quer priorizar a segurança dos foliões e da população do entorno", afirma.  Cortejo desautorizado "não quer ordem, ele quer baderna, não quer segurança. Quer repressão no momento pra causar mal-estar à nossa cidade. Mas será só punido", diz.  "São clandestinos, a palavra já resume", completa o presidente da Riotur (agência municipal de turismo), Marcelo Alves. "Bloco irregular quebra completamente o planejamento, não é enviada nenhuma estrutura." Michel participou nesta quarta (12), ao lado do prefeito Marcelo Crivella e de Marcelo Alves, de uma entrevista à imprensa para falar sobre os números da folia de 2020. A quantidade de cortejos permitidos pela Prefeitura diminuiu 11% em relação a 2019, com 57 saídas a menos.  Há oito megablocos (com mais de 250 mil foliões previstos), entre eles o Bloco da Anitta e o Fervo da Lud, da funkeira Ludmilla -que inaugurou o pré-Carnaval no Rio com um show na praia de Copacabana, em janeiro, que terminou com correria e bombas de gás na dispersão. Não há crise na água e na segurança pública capaz de frustrar as projeções municipais para o quórum carnavalesco da cidade.  A Riotur estima a vinda de 2 milhões de turistas, contra 1,6 milhão do ano passado. Alves diz que a ocupação da rede hoteleira para o período já está em 82,5%, aumento de 4,5% em relação à mesma temporada de 2019, e que pode chegar a 100%.  Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal e sobrinho de seu líder, Edir Macedo, encerra seu primeiro mandato sem participar do Carnaval carioca. Na véspera, o prefeito descartou uma ida ao desfile das escolas de samba assim: "só não posso vir sambar porque não sei sambar". Boa parte do segmento evangélico condena a participação nessa festa, considerada um antro de perdição, ainda que blocos voltados a louvar Jesus Cristo venham ganhando força nos últimos anos. Na quarta, lembrou que teve um samba gospel seu, "Gente Fina", cantado por Bezerra da Silva, quando o sambista, famoso por versos como "vou apertar, mas não vou acender agora", já se convertera à Universal.  "Não saber sambar não quer dizer que não gosta", diz Crivella. "Quero ver se teve outro prefeito [regravado por Bezerra]."